Essa foi a definição atribuída ao
ex-presidente Lula pelo presidente americano Barack Obama, que agora pode se
aplicar ao juiz federal Sérgio Fernando Moro.
Sua atuação firme
transformou o juiz no inimigo número um da malandragem política do país.
Nessa sanha de
combate ao juiz, bobagens e arruaças atingem o nível da galhofa.
O líder dos
sem-terra, José Rainha, disse que o juiz teria feito um favor aos movimentos
sociais, ao instigá-los com a condução forçada de Lula para depor à Polícia
Federal. O juiz fez o trabalho dele. Ordenou, de acordo com o seu entendimento;
e quem tem juízo cumpre; e quem tem mais ainda, obedece.
Se houve equívoco –
do qual todo ser humano é passível – foi processual, não por que Lula seja um
ex-presidente da República, como a maioria quer fazer crer.
Essa condução
coercitiva serviu para quebrar a retórica brasileira de que todos são iguais
perante a lei. E devido à reação desarrazoada, comprovou-se que alguns são
vistos como mais iguais e não podem ser alcançados pela justiça. Ademais, a
inimputabilidade penal teria sido adquirida pelas boas ações do governo em
favor dos pobres.
Numa entrevista à
Folha de S.Paulo, Gilberto Carvalho, outro conhecido arruaceiro, disse que
esperava que o juiz não estivesse mexendo com fogo. Como servidor que foi ou é
deveria saber que essas “mexidas” são institucionais e não comportam escolha,
ainda mais ao Poder Judiciário, de cuja atuação seus membros não podem dispor.
Ele também acha
normal um amigo ganhar de presente um sítio ou tríplex de milhões de reais. É
como se dissesse: se qualquer um ganha, por que só o Lula não poderia ganhar?
São exemplos
concretos de uma linha de pensamento adotada pelos políticos brasileiros, já
viciados em se safar apenas com a utilização de desculpas bisonhas. Agora
mesmo, o deputado federal Vinícius Gurgel requentou o já desmoralizado
argumento de que, ao assinar uma renúncia, estava de porre ou sob efeito de
remédio e por isso a assinatura não confere com outras anteriores do próprio
parlamentar.
Esse contexto
bizarro, como se não bastasse, ainda expõe uma característica peculiar de tais
políticos, a de atuarem rápido em busca do foro privilegiado. Por quê? Com a
resposta as instâncias superiores.
Por fim, dando
continuidade à cadeia de arruaças, a cereja de todas elas veio do ex-presidente
da República, ao afirmar que despertaram a jararaca que existe nele e mandou as
autoridades enfiarem o processo no cu, num total desprezo pelas instituições e
com um linguajar abaixo da linha da cintura.
Seria bom alertá-lo
de que jararaca, na cadeia alimentar, como grande parte dos animais, ora é
predadora, ora é presa. E as aves de rapina não se inibem com nenhum veneno. É
só uma metáfora, já que ameaça, venha de onde vier, não ajuda em nada.
Sérgio Moro tem
conduzido a operação Lava-Jato de forma esplendorosa. Toda tentativa de
intimidá-lo, de diminuí-lo, produzirá efeito contrário. Com certeza, ele ficará
na história como o divisor de águas entre um país de classes inalcançáveis
pelas leis e pela justiça e outro em que a lei é de fato para todos. Isso,
realmente, causa uma certa perplexidade em todos e deixa muita gente aturdida.
Pedro Cardoso da
Costa – Interlagos/SP
Bacharel
em direito
Pedro Cardoso da Costa é colaborador do blog Barradocordanews
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