O blog Barradocordanews recebeu na manhã
desta sexta-feira (28), e-mail enviado pelo deputado federal paraibano, André
Augusto Castro do Amaral Filho, em que repudia as declarações da atriz Alexia
Dechamps contra o povo nordestino.
É
com imensa tristeza que manifesto o meu mais veemente repúdio ao ato de
intolerância e de preconceito contra os nordestinos, principalmente os
beneficiários do programa social do governo federal, o “Bolsa Família”,
perpetrado pela atriz Alexia Dechamps, na tarde de ontem, 25 de outubro de
2016, na Câmara dos Deputados, em Brasília, durante a audiência pública que
discutia a proposta de regulamentação das vaquejadas no Brasil.
Intolerância
e preconceito contra os Nordestinos, em pleno século XXI, é inaceitável e deve
ser firmemente combatido em nosso país.
É
inadmissível que a atriz, nascida em Buenos Aires, descendente de russos,
belgas e alemães, que veio para o Brasil ainda pequena, assumindo
posteriormente também a nacionalidade brasileira, tenha tido essa postura em
relação ao nosso sofrido povo nordestino.
Pelo
que parece a senhora Alexia não tem conhecimento da história do nosso país e da
importância do povo nordestino para o engrandecimento de nossa nação.
Senhora
Alexia talvez não saiba, mas a cidade de São Paulo só é hoje a metrópole que é
graças aos milhares de paraibanos, maranhenses, piauienses, cearenses,
alagoanos, sergipanos, baianos, potiguares e pernambucanos, que tiveram que
sair da sua região, por conta de uma agricultura atrasada e pouco
diversificada, grandes latifundiários, concentração de renda e uma indústria
pouco diversificada e de baixa produtividade, além das fortes secas que sempre
assolaram o sertão nordestino; para se sujeitarem a trabalhar em subempregos no
Sul e Sudeste, muitas vezes em condições análogas à escravidão.
A
atriz ao declarar ao público presente, principalmente aos vaqueiros e a todo o
setor produtivo, envolvido nessa manifestação cultural, em alto e bom som:
"Calem a boca, que eu já pago Bolsa Família para o Nordeste", cometeu
uma das maiores ofensas ao nosso povo, uma vez que esse importante programa
social, do governo federal, não se trata de esmola, mas uma reparação social
aos séculos e séculos de exploração econômica e de falta de investimentos na
região. Principalmente na República Velha, onde se praticava a política do café
com leite.
É
notório que apenas nas duas últimas décadas o governo federal tem levado, com
mais ênfase, investimentos para a região e buscado por meio de programas sociais,
como Bolsa Família, Luz para Todos e outros, diminuir as diferenças regionais.
O
Bolsa família em 2016, até o mês de outubro, transferiu R$ 10.940.619.246,00
para todos os beneficiários do programa nos estados nordestinos, mas transferiu
também R$ 6.154.290.833,00, para as regiões Sul e Sudeste; R$ 2.947.518.581,00
para a região Norte; e R$ 976.966.279,00 para a região Centro-Oeste. Sendo os
estados de São Paulo (R$ 1.965.248.243,00), Minas Gerais (R$ 1.538.212.420,00)
e Rio de Janeiro (R$ 1.167.953.890,00), segundo, sexto e oitavo estado,
respectivamente, em transferência de recursos.
O
Nordeste tem a segunda maior população, o terceiro maior território, o segundo
maior colégio eleitoral, o menor IDH e o terceiro maior PIB entre as regiões.
A
literatura nordestina tem dado grandes contribuições para o cenário literário
brasileiro, onde aqui destaco nomes como Jorge Amado, Nelson Rodrigues, José de
Alencar, João Cabral de Melo Neto, Rachel de Queiroz, Gregório de Matos,
Clarice Lispector, Graciliano Ramos, Gonçalves Dias, Aluísio Azevedo, Manuel
Bandeira, Joaquim Nabuco, Tobias Barreto, Arthur Azevedo, Castro Alves, Coelho
Neto, Álvaro Lins, Jorge de Lima, Ariano Suassuna, Viriato Correia, Ferreira
Gullar, José Lins do Rego, João Ubaldo Ribeiro, Dias Gomes, Raimundo Correia,
Josué Montello, Gilberto Freyre (autor do livro Casa-Grande & Senzala).
Além da conhecida e apreciada Literatura Cordel e numerosas manifestações
artísticas de cunho popular como os cantadores de repentes e de embolada.
O
Frevo, típico de Pernambuco, é um dos gêneros mais influentes do país, e
revelou grandes músicos da MPB.
Na
música erudita, destacaram-se como compositores Alberto Nepomuceno e Paurillo
Barroso, Liduíno Pitombeira, e Eleazar de Carvalho como maestro, entre outros
Na
música popular, destacam-se ritmos tais como coco, xaxado, martelo agalopado,
samba de roda, baião, xote, forró, axé e frevo, dentre outros ritmos. O
movimento armorial do Recife, inspirado por Ariano Suassuna, fez um trabalho
erudito de valorização desta herança rítmica popular nordestina. Um de seus
expoentes mais conhecidos são os cantores, Luiz Gonzaga, Sivuca, Antônio
Nóbrega, João do Vale, Alcione, Maria Bethânia, Gal Costa, Gilberto Gil, Zeca
Baleiro, Daniela Mercury, Cláudia Leite, Ivete Sangalo, Margareth Menezes, Luís
Caldas, Reginaldo Rossi, Zé Américo de Almeida, Bartô Galeno, Chico César, Elba
Ramalho, Genival Lacerda, Geraldo Vandré, Herbert Vianna, Jackson do Pandeiro,
Roberta Miranda, Zé Ramalho, Fubá, Luan Estilizado, Amazan, Capilé, Biliu de
Campina, Marinês, e outros mais.
Na
dança, destacam-se o maracatu, o bumba-meu-boi, o xaxado, diversas variantes do
forró, os tambores de crioula e taboca, o cacuriá, as quadrilhas e outras
danças folclóricas.
O
artesanato é também uma parte relevante da produção cultural do Nordeste, sendo
inclusive o sustento de milhares de pessoas por toda a região. Onde destaco
aqui os produtos feitos em argila, madeira e couro, além das rendas, as
garrafas com imagens. Assim como, as peças feitas das fibras do buriti e do
babaçu.
A
nossa culinária é maravilhosa onde destaco o baião-de-dois, a carne-de-sol, o
queijo de coalho, o vatapá, o acarajé, a panelada, a buchada, a canjica, o
feijão e arroz de coco, o feijão verde e o sururu, o arroz de cuxá, assim como
vários doces feitos de mamão, abóbora, laranja, etc. Algumas frutas regionais
são a seriguela, o cajá, o buriti, a cajarana, o umbu, a macaúba, juçara,
bacuri, cupuaçu, buriti, murici e a pitomba, além de outras.
Por
tudo isso só me resta pedir em nome de todo o povo nordestino, não apenas a
atriz Alexia Dechamps, mas a todos aqueles que buscam denegrir e menosprezar o
povo nordestino e a nossa região respeito. Não somos miseráveis, somos um povo
alegre, trabalhador e hospitaleiro, que a pouquíssimo tempo estamos caminhando
rumo ao desenvolvimento. Ao mesmo tempo que somos ricos em recursos e belezas
naturais, na cultura e no turismo.
Para o fortalecimento de nossa unidade federativa, ao contrário do que vem
sendo pregado por alguns que tem apresentado esse comportamento preconceituoso
e discriminatório, precisamos conhecer mais, respeitar e amar o Nordeste,
sua gente e suas manifestações culturais! Somos um só povo, formando uma
só nação.
André Amaral
Deputado Federal