No Congresso do PT ficou claro que, se
for possível, Lula é o candidato preferido para a presidência. Do mesmo
Congresso, embora não com a mesma clareza, podemos concluir que, se Lula
não puder ser o candidato, a escolha do PT para 2022 será feita a
partir do zero, ou seja, não há ninguém com lugar marcado para ser o
plano B. O PT vai investir forte em candidatos a prefeito em 2020, para
reforçar as bases municipais do Partido. E vai investir também para que
os julgamentos de Lula sejam anulados, o que não é impossível, depois
das revelações da Vaza Jato, que demonstraram as manobras pouco
jurídicas da Lava Jato e de Sergio Moro, que comandava na prática a
Operação.
Se a candidatura de Lula não for
viável, há várias possibilidades de candidaturas que poderiam ser
escolhidas pelo PT em 2022. Claro que Fernando Haddad será considerado,
já que foi o candidato em 2018 e não se saiu mal. Mas é certo que nomes
de políticos nordestinos, como o senador Jaques Wagner e o governador da
Bahia, Rui Costa, também serão apontados, talvez com muito mais força
do que Haddad. Em primeiro lugar porque é no Nordeste que o PT tem hoje
suas principais bases. São Paulo, maior colégio eleitoral do País,
precisa ser recuperado, porque o PT teve na capital, em 2016 e no
Estado, em 2018, votações muito abaixo das suas votações históricas. Com
o detalhe, nada desprezível de que, nos dois casos, o candidato petista
foi Fernando Haddad. Em 2016, concorrendo como prefeito, no cargo,
perdeu nas regiões que tradicionalmente votam no PT. E em 2018, teve
desempenho muito fraco no Estado de São Paulo como um todo.
Claro que se pode argumentar muito
sobre isso e certamente a culpa por esses resultados não foi
exclusivamente de Fernando Haddad. Mas também se poderia considerar que
os votos que ele obteve no NE, em 2018, não foram votos para Haddad, que
era um ilustre desconhecido até aquela eleição. É claro que os votos
são do PT e sobretudo, de Lula. De Lula e da gratidão que o eleitor
pobre do Nordeste tem para com o PT. Para este eleitor, há dois
nordestes, aquele antes e depois dos governos do PT.
Assim, Jaques Wagner e Rui Costa teriam
grandes chances de ser um deles o escolhido. Mais ainda, também teria
chance o governador do Maranhão, caso a discussão evolua para se fazer
uma aliança entre o PT e o PCdoB ou mesmo se Flávio Dino resolver partir
para a disputa e se dispuser a mudar de partido para ter maiores
chances. Esse três políticos têm trajetória de grandes vitórias
eleitorais em seus estados e chamam a atenção para a competência
administrativa com que tocam suas gestões. E têm grande vantagem no
terreno político, porque sabem se conduzir e conversar com políticos de
todos os partidos e tendências, qualidade indispensável em disputas
eleitorais, especialmente uma eleição presidencial.
Por fim, a peça chave continua sendo
Lula. Se for candidato, a questão está resolvida. Se não puder, seu
apoio será fundamental, porque pode levar qualquer candidato ao segundo
turno. Para ganhar, entretanto, embora o apoio de Lula seja fundamental,
será necessário outras qualidades, e ser do Nordeste não é uma
qualidade desprezível.