Vimos, na Quinta-Feira Santa, o Papa
Francisco lavando e beijando os pés de imigrantes islâmicos na Europa. Pessoas
que fogem da guerra e que têm tido tanta dificuldade de serem aceitos em outros
países. É mais uma bela mensagem desse grande líder político e espiritual que
nos convoca a vivenciar em nosso dia a dia os princípios cristãos de compaixão,
solidariedade e superação do pecado, expressos na Páscoa.
A Páscoa é tempo de ressuscitar esses
ideais de fraternidade, assim como a Quaresma que se encerra hoje, período que
os cristãos guardam para fazer alguma penitência e reflexão sobre como
vivenciar melhor os princípios da nossa fé. Infelizmente, este ano no Brasil,
vivemos dias de escassa reflexão e de muito exercício do ódio, que culminou no
triste exemplo da mulher que agrediu fisicamente o arcebispo de São Paulo Dom
Odilo Scherer, com gritos de cunho puramente político, repetidos na internet
por um militante de ultradireita que se diz “filósofo”.
É um lamentável sintoma de como a crise
institucional que o país vive, alimentada por quem quer o poder a todo custo,
está gerando violência entre os brasileiros. Precisamos de paz para trabalhar e
gerar riqueza, vencendo a crise econômica. Precisamos de diálogo para,
superando diferenças, encontrar soluções para problemas tão graves quanto a
microcefalia que penaliza milhares de crianças em nosso país e a desigualdade
social, um mal secular que aflige nossa Pátria.
Por isso, venho insistindo que
diferenças políticas devem ser resolvidas no período eleitoral, marcado pela
Constituição para 2018. Forçar soluções por maioria contingencial, à margem dos
limites institucionais que criamos para resolver as divergências, pode nos
levar a um caminho sombrio. Novamente, a própria Páscoa nos deixou exemplos.
Bem adequado lembrar o ensinamento bíblico: foi o clamor de uma maioria
momentânea que pressionou pela absolvição de Barrabás e condenação de Cristo à
cruz (Mateus, 27: 20).
Jesus foi torturado e morto no calvário
lembrado em vários pontos do Maranhão na Sexta-feira Santa, como na belíssima
Via Sacra do Bairro Anjo da Guarda. Em todos esses Autos de Paixão, os cristãos
reverenciam a fé de Jesus em uma causa: a de amar-nos uns aos outros, como Ele
nos amou (João, 13:34).
Cristo ressuscitou e nos deixou um
exemplo único de abnegação na vida terrena para mostrar-nos o caminho do amor,
inclusive para com nossos inimigos (Lucas, 6:35). Amor que o filósofo francês
Gabriel Marcel, que viveu os tempos sombrios da Segunda Guerra Mundial,
traduziu assim: "Amar uma pessoa é dizer-lhe: tu não morrerás jamais, tu
deves existir, tu não podes morrer".
Devemos aceitar a existência do Outro, seus desejos e vontades, respeitando os limites do Estado Democrático de Direito criados justamente após a destruição provocada pelo nazismo, que nada mais foi que a imposição de vontade de um subjugando e destruindo o outro. Que hoje oremos por um mundo melhor, por uma Nação mais justa e em paz. E, mais uma vez, peço orações e a ajuda de todos para essa gigantesca tarefa de melhorar a vida dos maranhenses. Boa Páscoa a todos!
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