Chegaram mais um Natal e fim de ano. Nesse momento,
externando ou não, todos nós fazemos uma avaliação do que fizemos durante o ano
que está se indo. Se fomos malcriados com nossos pais, se agimos corretamente com
nossos amigos, colegas de trabalho...
E se fecha com presentes. Uns merecidos; outros
convencionais.
Do ponto de vista da realização individual, a
maioria pode e deve estar satisfeita consigo. A minha preocupação vai além e
sempre me questione se fiz algo para melhorar o meu país. Quando eu colaboro
para a melhoria do país, há uma grande possibilidade de ter colaborado para a
melhoria de entes mais próximos, como meu estado, meu município, meu bairro.
Muita gente acha que só pagando os impostos e cumprindo
suas obrigações cotidianas já fez o suficiente. Individualmente não resta
dúvida. Mas para a melhoria da coletividade cada um deve ir além e quem tiver
forças muito mais além.
A sociedade brasileira peca muito por isso.
Criou-se um Estado que não oferece serviço razoável nenhum, suga tudo o que
pode de todos. Aquelas que não precisam utilizar dos serviços miseráveis se
omitem de tentar melhorar. E essas seriam as pessoas teriam maior poder de
influenciar.
Ninguém tem a obrigação de fazer mais do pagar seus
impostos, mas não pode querer mais do que isso.
Para ter um país melhor começa pela contribuição
efetiva de todos; de todos aqueles que se disponham a colocar a mão na massa.
Só participação virtual não ajuda muito. Só é melhor do que nada. Serve apenas
para responsabilizar o “povo brasileiro”, como se fosse um alienígena; fosse de
outro planeta.
O que você poderia fazer? É você quem tem essa
resposta. Talvez pudesse ter plantado mais uma árvore; ter doado um instrumento
musical para uma escola; uma sociedade de bairro; ter ido a reuniões do filho
na escola – e participado dela – ter retirado aquele saquinho plástico da
frente da casa, aquela sujeirinha que veio possivelmente do vizinho, que
recebera de outro. Poderia ter ido comigo recolher bituca de cigarro das ruas,
como estou fazendo em São Paulo.
Quanto a instrumento musical, tenho dúvida se
existe algum piano – particular ou não - no município de Nova Soure/BA, onde
nasci.
Outra questão de reflexão são as opções. Muitos
pais ficam extremamente tristes e passam isso para suas crianças porque não
puderam dar um presente no Dia das Crianças e agora no fim do ano. Entretanto
nem se deram e se dão conta de que não passou o ano inteiro e nem levaram ao
dentista. Também não causa preocupação a cárie no dente da criança quando abre
aquele sorriso ao receber o presente. Dente sadio é secundário; importante
mesmo é o presente.
Cada um tem todo o direito às suas escolhas. Mas
não tem o direito de querer que eu concorde com elas. Tenho que respeitá-las;
concordar, jamais.
O problema em culpar o povo brasileiro não vem da
sua opinião individual; é que esse pensamento se expande e se torna coletivo.
Uma nação inteira parada, cada um culpando os demais.
Agora, um país só vai adiante com um povo proativo.
O resultado vem do que fazemos. Não é minimamente coerente querer colher uva
quando se planta limão.
Mãos à massa, brasileiros!
Pedro Cardoso da Costa –
Interlagos/SP
Bacharel em
direito