04 março, 2016

Lula diz que não vai 'abaixar a cabeça' e que se sentiu 'prisioneiro' na ação da PF

 
FOLHA DE SÃO PAULO
 
O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva disse nesta sexta que não vai abaixar a cabeça e que se sentiu um prisioneiro durante a ação da Polícia Federal. O petista disse ainda que o que aconteceu hoje precisava acontecer para que o PT pudesse levantar a cabeça.

Como parte das ações da 24ª fase da Lava Jato, Lula foi alvo nesta sexta-feira (4) de mandados de condução coercitiva (quando o investigado é levado para depor e depois liberado) e busca e apreensão em seu apartamento em São Bernardo do Campo e foi encaminhado ao aeroporto de Congonhas, em São Paulo, onde prestou depoimento. Houve protestos de partidários do PT no local e também nas proximidades do apartamento dele em São Bernardo do Campo.

"Não vou abaixar a cabeça", disse ele. "O que eles [a PF, o Ministério Público Federal] fizeram com esse ato de hoje, é que, a partir da próxima semana, CUT, PT, sem-terras, PC do B, me convidem, que eu vou andar esse país."

Lula disse acreditar em instituições fortes e que elas são a garantia do estado democrático. "Mas uma instituição forte precisa ter pessoas muito responsáveis". "Vivemos um processo em que pirotecnia vale mais que qualquer coisa" e que não deve não teme.

O petista disse ainda que a Polícia Federal ascendeu nele a chama de que a luta continua e que era só o juiz federal Sergio Moro mandar um ofício ou fazer um telefonema que ele compareceria para depor.

"Se juiz Moro quisesse me ouvir, era só ter mandado ofício. Eles ascenderam em mim a chama de que a luta continua", declarou Lula durante coletiva na sede nacional do Partido dos Trabalhadores, na região central de São Paulo.

O ex-presidente disse que "ser amigo de Lula é uma coisa criminosa" hoje no Brasil e que há uma tentativa de "criminalizar o PT".

Segundo ele, a elite não se conforma que "esse merda de metalúrgico" tenha ousado a ser presidente da República.

"Eu e meus companheiros me levaram a ser presidente desse país, e fui melhor que todos eles [os outros presidentes], que todos cientistas políticos, fazendeiros, advogados."

Lula afirmou que o comportamento dos investigadores é "muito grave". Ele disse que já havia prestado esclarecimentos: "Em 5 de janeiro, suspendi minhas férias para prestar depoimento em Brasília".

O ex-presidente também saiu em defesa da presidente Dilma Rousseff e afirmou: "Estão cerceando a liberdade de Dilma a governar o país". "Se tem alguém neste país que precisa de autonomia é a presidente da República. Ninguém quer que essa mulher governe este país. Desde 26 de outubro de 2014, eles não estão permitindo que a Dilma governe."

DEPOIMENTO

O ex-presidente registrou sua irritação em três horas e meia de depoimento prestados à Polícia Federal.

Segundo o deputado Paulo Teixeira (PT-SP), que assistiu a parte do depoimento, Lula disse que sua condução coercitiva era desnecessária. Ele perdeu a paciência quando perguntaram-lhe sobre pedalinhos mantidos pela família no sítio de Atibaia.. Dois pedalinhos que permanecem em um lago no sítio Santa Bárbara, em Atibaia (SP), foram comprados por um militar destacado como assessor de Lula. "Essa pergunta não está à altura da Polícia Federal", reagiu Lula, segundo relato de Paulo Teixeira.

Como parte das ações da 24ª fase da Lava Jato, Lula foi alvo nesta sexta (4) de mandados de condução coercitiva (quando o investigado é levado para depor e depois liberado) e busca e apreensão em seu apartamento em São Bernardo do Campo e foi encaminhado ao aeroporto de Congonhas, em São Paulo, onde prestou depoimento.

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