Movimentos sociais de esquerda convocaram uma manifestação contra
Jair Bolsonaro (PSL) para terça-feira (5), após o nome do presidente ter
sido citado na investigação do assassinato da vereadora Marielle Franco
(PSOL) e de seu motorista, Anderson Gomes.
Com o mote “Basta de Bolsonaro! Justiça por Marielle”, o ato
principal será na avenida Paulista, em São Paulo. A ideia dos
organizadores é a de que os protestos sejam replicados em todo o país.
As frentes Povo Sem Medo e Brasil Popular, que reúnem entidades como
MTST (Movimentos dos Trabalhadores Sem Teto), o MST (Movimento dos
Trabalhadores Sem Terra) e CUT (Central Única dos Trabalhadores).
“A denúncia é grave e tem que ser apurada até o fim. Se
comprovada a relação direta de Bolsonaro ou de seus filhos com os
assassinos de Marielle, ele perde as condições de seguir como
presidente”, afirmou à Folha Guilherme Boulos (PSOL).
Nesta terça (29), o Jornal Nacional, da TV Globo, publicou reportagem
que faz menção ao nome do presidente Jair Bolsonaro (PSL) na
investigação do assassinato de Marielle, em março de 2018.
Segundo o Jornal Nacional, o depoimento de um porteiro do
condomínio onde Bolsonaro tem casa na Barra da Tijuca, na zona oeste do
Rio de Janeiro, indicaria que um dos acusados pelo assassinato teria
chegado ao local e dito que iria à casa do então deputado.
Bolsonaro, contudo, estava em Brasília nesse dia. Ele nega ter qualquer relação com o crime.
IRMÃ CRITICA DECLARAÇÃO DE PRESIDENTE
Em vídeo postado em redes sociais, Anielle Franco, irmã de Marielle Franco, criticou a
falta de acesso da família à investigação sobre o crime e repreendeu o
presidente Jair Bolsonaro por, numa transmissão ao vivo que ele postou
na véspera, ter trocado o nome da irmã mais de uma vez. Chamou-a de
Mariela.
“Quero dizer que o nome da minha irmã é Marielle. Marielle Francisco
da Silva, vulgo Marielle Franco. Não é Mariela, não é Mariah, não é
Mara-a-puta-que-o-pariu. É Marielle. E queria muito pedir respeito a
isso.”
“A parte da Marielle foi pra ele”, diz nesta quarta (30) Anielle à Folha. Ela conta ter chorado ao ver a reportagem veiculada na noite de terça (29) pelo Jornal Nacional.
Anielle diz que não pode especular sobre a aparição do nome
de Bolsonaro no inquérito sobre a morte da irmã e de Anderson. “É óbvio
que eu quero saber quem que tava naquela porra da casa 58”, afirma.
Ela também se diz irritada por todos terem acesso a partes da investigação, inclusive a imprensa, antes da família.
Anielle pede respeito à morte da irmã, também daqueles que se opõem
ao PSOL, e diz que “a ideologia política não deveria sobrepor valores
humanos, nunca”.
Na internet, a viúva de Marielle, Monica Benício, também se
manifestou sobre o caso: “Espero que as autoridades competentes
investiguem com isenção toda e qualquer pessoa que possa ter algum tipo
de implicação na execução de Marielle e Anderson. É uma resposta que o
Estado brasileiro deve aos familiares, à sociedade e ao mundo”.
FSP/Blog da Cidadania