17 março, 2016

Renan Calheiros e integrantes do “grupo de Sarney” receberam propina por Belo Monte, diz Delcídio



do Jornal Zero Hora
Porto Alegre
 
A delação premiada do senador Delcídio Amaral (PT-MS) cita que o presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), faz parte do núcleo do PMDB que recebeu propina na construção da usina de Belo Monte. Conforme Delcídio, o ex-ministro Silas Rondeau (Minas e Energia) destinou propinas para o “grupo de José Sarney”, formado por, além de Calheiros, o ex-ministro de Minas e Energia Edison Lobão (PMDB-MA), o próprio Rondeau, Romero Jucá (PMDB-RR), Valdir Raupp (PMDB-RR) e Jader Barbalho (PMDB-PA).

— Houve o pagamento, à época, de ao menos R$ 30 milhões, a título de propina pela construção de Belo Monte, pagos ao PT e ao PMDB — cita o documento.

Segundo Delcídio, Renan Calheiros faz parte de um “núcleo duro”, formado por integrantes da bancada do partido no Senado, que monopoliza as nomeações no governo federal — não apenas em empresas de energia, como também em agências reguladoras e ministérios. Esse grupo, conforme Delcídio, sofre influência do ex-presidente e ex-senador José Sarney.

Além de Calheiros, estariam no núcleo Romero Jucá, Eunício Oliveira (PMDB-CE), Valdir Raupp e Edson Lobão. Conforme Delcídio, nomes como o de Nestor Cerveró passaram a ser apadrinhados pelo PMDB:

— Na Petrobras, abraçaram a manutenção de Paulo Roberto Costa na Diretoria de Abastecimento e Nestor Cerveró na Diretoria Internacional, como consequência do escândalo do mensalão — diz o documento.

Delcídio afirma ainda que as diretorias da ANS e da Anvisa foram indicadas principalmente por Calheiros, Eunício Oliveira e Romero Jucá e que estes possuem ¿papel e força incontestável quanto a essas indicações¿.

— Jogaram “pesado” com o governo para emplacar os principais dirigentes dessas agências. Com a decadência dos empreiteiros, as empresas de planos de saúde e laboratórios se tornaram os principais alvos de propina para os polîticos e executivos do governo — pontuou o ex-líder do governo no Senado.

No documento, Delcídio diz que testemunhou a ligação próxima de Renan Calheiros com o ex-presidente da Transpetro, Sérgio Machado. Delcídio fala que não pode provar que Machado recebeu propina. Porém, pela proximidade corn Renan, pelo tempo de permanência no cargo e pelas contratações realizadas pela Transpetro, considera que valores relacionados a contratos dessa empresa foram repassados a políticos a título de propina.

— Seguidas vezes o vi (Sérgio Machado), semanalmente, despachando com Renan na residência oficial da presidência do Senado.


Confira trecho onde Delcídio faz referência a Sarney.

Propina de R$ 30 milhões pela construção da Usina de Belo Monte
Sarney comanda o núcleo duro do PMDB

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