“Só o Jornal Nacional, em doze meses, publicou 18 horas de
matérias negativas contra o Lula. Para que eu seja massacrado antes do
dia que vou ser julgado. Quero dizer que estou vivo e estou me
preparando para voltar a ser candidato à presidência deste país. Nunca
tive tanta vontade de voltar a ser presidente como agora. Vontade de
fazer mais e melhor. E provar mais uma vez que se a elite brasileira não
tem competência para consertar esse país, um metalúrgico vai”, disse
Lula ontem, sendo fortemente aplaudido.
São Paulo –
Após cinco horas de depoimento ao juiz Sérgio Moro, responsável pela
Operação Lava Jato, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva manifestou
indignação às milhares de pessoas que o aguardavam na Praça Santos
Andrade, em Curitiba, e agradeceu o apoio recebido. Lula destacou o
massacre que vem sofrendo por setores da imprensa e do judiciário, mas
afirmou que isso só tem deixado ele com mais vontade de concorrer nas
eleições de 2018. “Só o Jornal Nacional, em doze meses, publicou 18
horas de matérias negativas contra o Lula. Para que eu seja massacrado
antes do dia que vou ser julgado. Quero dizer que estou vivo e estou me
preparando para voltar a ser candidato à presidência deste país. Nunca
tive tanta vontade de voltar a ser presidente como agora. Vontade de
fazer mais e melhor. E provar mais uma vez que se a elite brasileira não
tem competência para consertar esse país, um metalúrgico vai”, afirmou,
sendo fortemente aplaudido.
A oitiva de hoje foi
parte das investigações da suposta propriedade de Lula sobre um tríplex
no Guarujá, no litoral paulista, que teria sido reformado e repassado
ao ex-presidente pela construtora OAS de forma ilegal. “Eu não seria
digno de vocês, do carinho que vocês estão tendo comigo, se eu tivesse
alguma culpa e falando com vocês agora. Eu virei em quantas audiências
for necessária. Prestarei quantos depoimentos forem necessários. Se tem
algum brasileiro, ser humano, em busca da verdade, sou eu”, disse o
ex-presidente.
Lula falou sobre a
inexistência de provas que sustentem as acusações contra ele. “Esperava
que, depois de tanto massacre, eles tivessem o documento que eu comprei,
reformei o apartamento, com escritura registrada em cartório. Mas nada,
nada. Perguntaram se eu conheço o Vaccari (Neto, ex-tesoureiro do PT), o
(Paulo) Okamotto (diretor do Instituto Lula). Lógico que eu conheço e
não tenho vergonha dessas pessoas. Não quero ser julgado por
interpretações, mas por provas”, disse Lula.
O ex-presidente se
disse emocionado com a presença de milhares de pessoas, que vieram de
várias partes do país para se solidarizar com ele. "Jamais pude imaginar
que um ônibus pudesse sair do Acre para prestar solidariedade ao Lula.
Se não fossem vocês, eu não suportaria o que eles estão fazendo comigo.
Eu disse para eles. Essa era minha consciência. Minha relação com vocês é
diferente do que os políticos têm com os eleitores. Eu não tenho
relação de candidato e eleitor. A minha relação é de companheiros de
projeto de país e construção de sociedade civilizada”, disse Lula,
emocionado.
Lula lembrou de sua
mulher Marisa Letícia, que morreu em fevereiro deste ano vítima de um
Acidente Vascular Cerebral, seus cinco filhos e oito netos, para
ressaltar o carinho que a população que foi até Curitiba estava
manifestando por ele. E que permaneceria digno a todos. “Eu só posso
dizer uma coisa. Em meu nome, em nome do meu partido, em nome dos
movimentos sociais que estão aqui, em nome dos partidos solidários, do
movimento sindical: se um dia eu tiver que mentir, eu prefiro que um
ônibus me atropele em qualquer rua deste país. Eu jamais poderia mentir
para pessoas como vocês que acreditam e me seguem há tanto tempo”,
afirmou, em lágrimas.
Ele ainda explicou o
motivo do pedido feito ao juiz Moro, para que toda a audiência fosse
transmitida ao vivo, inclusive com a filmagem do magistrado. “Minha mãe
viveu e morreu analfabeta. Ela dizia que conhecemos quando as pessoas
estão dizendo a verdade, não pela boca, mas pelos olhos. Por isso,
queria que as pessoas vissem os olhos de quem está perguntando e quem
está respondendo”, disse.
Antes de encerrar o
ato, Lula chamou a estudante secundarista Ana Júlia, que ficou conhecida
no ano passado após um discurso na Assembleia Legislativa do Paraná. O
ex-presidente se disse emocionado por ter recebido um telefonema dela
dizendo que se filiaria ao PT em resposta às arbitrariedades que estão
fazendo contra ele. “Eu não preciso que ela se filie ao PT para eu
gostar dela. Eu preciso que ela continue falando o que pensa, lutando
pela democracia, continue sendo forte”, afirmou.
“Eu não acredito que
tô passando por esse momento. É uma honra imensa pra mim estar ao lado
de quem mais construiu universidades públicas nesse país. Eu aprendi que
é preciso defender a educação do nosso país e é isso que vou seguir
fazendo”, disse Ana Júlia.
A ex-presidenta Dilma
Rousseff discursou antes de Lula. Agradeceu aos movimentos que o apoiam e
destacou que “é uma emoção imensa ver vocês aqui em todo esse dia se
manifestando, lutando, mostrando essa imensa alegria que é a certeza que
esse país não vai continuar por este caminho de golpe atrás de golpe”.
Afirmou também que o primeiro golpe foi feito com seu impeachment. “O
segundo, feito com o teto dos gastos para educação e saúde. Agora,
conspiram para aprovar a mais grave mudança nas leis de proteção ao
trabalho que o Brasil já viu. Nem na ditadura militar ousaram tirar o
direito dos trabalhadores”, disse em alusão às reformas trabalhista e da
Previdência.
Dilma também lembrou que
os conservadores no país perderam as quatro últimas eleições
presidenciais e que para alçar o que queriam foi precisa dar um novo
golpe no país. “Mas temos responsabilidade com a democracia. Ela exige
que não deixe dar estes golpes. Principalmente quando eles querem
inviabilizar por meios absurdos, injustos e com perseguição,
inviabilizar as condições de cidadania para que nosso querido
ex-presidente Lula se coloque para ser aceito ou não, votado ou não”.
“Lula vai derrotar esse
retrocesso que hoje o governo golpista está fazendo em Brasília a portas
fechadas querendo acabar com a Petrobras, vender nossas terras para
estrangeiros, abrindo nossa indústria para ser vendida a preço de
banana”, finalizou.
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