© Foto: André Dusek/Estadão Aécio Neves |
Estadão
BRASÍLIA - O procurador-geral da República, Rodrigo Janot, recorreu
da decisão do ministro Edson Fachin, relator da Lava Jato no Supremo
Tribunal Federal, que negou a prisão preventiva do senador Aécio Neves
(PSDB-MG) e Rodrigo Rocha Loures (PMDB-PR). Janot pede que o ministro
reconsidere a decisão ou leve com urgência o caso para o plenário, com
intuito de que os 11 ministros da Corte analisem a possibilidade de
prisão dos parlamentares. Os dois já foram afastados do mandato por
Fachin na última quinta-feira, 18, quando foi deflagrada a Operação
Patmos, com base nas revelações de empresários do grupo J&F em
delação premiada.
Segundo Janot, a prisão preventiva é
“imprescindível” para garantia da ordem pública e instrução criminal,
diante de fatos gravíssimos que teriam sido cometidos pelos
parlamentares. Aécio e Rocha Loures foram gravados por Joesley Batista
em negociação de pagamento de propina pelo empresário. Depois, ambos
foram alvo de ações controladas pela PGR. Um interlocutor de Aécio e o
próprio Rocha Loures aparecem nas filmagens recebendo dinheiro em
espécie.
Ao pedir a prisão dos parlamentares a Fachin, Janot
apontou que a situação era “excepcional”: “No tocante às situações
expostas neste recurso, a solução não há de ser diversa: a
excepcionalidade dos fatos impõe medidas também excepcionais”.
Janot
argumenta no recurso encaminhado ao STF que as gravações ambientais e
interceptações telefônicas demonstram que Aécio e Loures “vêm adotando,
constante e reiteradamente, estratégias de obstrução de investigações da
Operação Lava Jato”. De acordo com a PGR, a prisão só não foi decretada
no momento do flagrante do pagamento de propina para que os
investigadores pudessem coletar provas ainda mais robustas contra os
congressistas.
“Nesse sentido é importante destacar que a ação
controlada requerida no bojo da Ação Cautelar 4315 não objetivou apenas
monitorar o pagamento da propina destinada ao senador Aécio Neves, mas
também os repasses de valores espúrios ajustados entre Joesley Batista, o
presidente da República, Michel Temer, e o deputado Rodrigo Loures”,
afirma Janot. Devido à influência e poder dos dois parlamentares, Janot
considera que a liberdade dos dois pode gerar “uso espúrio do poder
política” e “manter encontros indevidos em lugares inadequados”.
Ao
determinar o afastamento de Aécio e Rocha Loures do mandato, sem
autorizar a prisão, Fachin já havia indicado que eventual recurso seria
encaminhado ao plenário do STF.
O Supremo já prendeu um
congressista no exercício do mandato em decisão unânime da 2ª Turma do
Tribunal, que decretou prisão do senador cassado Delcídio Amaral.
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