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Lidiane Leite, a 'prefeita ostentação' |
Após
39 dias de fuga, a ex-prefeita de Bom Jardim, Lidiane Leite, resolveu
se entregar à Polícia Federal na manhã desta segunda-feira (28). Ela
está presa na sede da Superintendência Regional da PF, onde vai prestar
depoimento entes de ser encaminhada ao quartel do Corpo de Bombeiros,
onde ficará presa.
Lidiane Leite, que foi afastada do cargo de prefeita pela Câmara de Bom
Jardim, é acusada de desvios de recursos públicos da ordem R$ 15 milhões
da pasta da educação. Ela estava foragida desde o dia 20 de agosto,
quando a PF deflagrou a 'Operação Éden'.
As negociações para a apresentação da acusada começaram no fim de
semana, depois de o juiz federal Magno Linhares, da 2ª Vara da Justiça
Federal no Maranhão, decidir apreciar um pedido de habeas corpus
protocolado pela defesa dela apenas depois de a gestora se entregar.
Na
expectativa de que ela se entregasse no fim de semana, a imprensa deu
plantão na sede da Polícia Federal. No entanto, de surpresa, para fugir
dos holofotes, Lidiane aproveitou o 'descuido' da imprensa, no início
desta segunda-feira, para se entregar.
A PF ainda não divulgou nota sobre a prisão de Lidiane Leite.
Como funcionava o esquema que desviou cerca de R$ 15 milhões dos cofres da Prefeitura da Bom Jardim
Segundo o delegado Ronildo Lages, chefe da Delegacia de Repressão aos
Crimes Patrimoniais, as prisões da prefeita Lidiane Leite e dos
ex-secretários Beto Rocha (Assuntos Políticos) e Antônio Cesarino
(Agricultura) foram pedidas quando as investigações apontaram desvios em
um contrato de cerca de R$ 300 mil, firmado entre a Prefeitura de Bom
Jardim e agricultores locais, após uma licitação realizada no ano de
2013.
O objetivo era pagar, com esse dinheiro – oriundo do Governo Federal –
pela produção de agricultores de Bom Jardim. Os produtos seriam
utilizados, em tese, para o fornecimento de merenda escolar, mas foram
desviados.
“O então marido da prefeita, com anuência da prefeita e de um
secretário, conseguiu que alguns contratos fossem assinados por pessoas
humildes, sob o pretexto de que receberiam recursos para posteriormente
fornecer alimentos”, explicou.
A verba chegou a ser depositada nas contas dos agricultores, como se
eles efetivamente houvessem fornecido produtos à Prefeitura. “Mas,
posteriormente, os envolvidos na trama criminosa saíram recolhendo essas
pessoas, levando à boca do caixa no banco do Brasil, faziam com que
elas sacassem o numerário e recolhiam esse dinheiro em proveito
próprio”, ressaltou.
De acordo Lages, esse contrato representava apenas 30% de todo o recurso
federal repassado para o programa de alimentação escolar. E nada foi
aplicado corretamente.
“O
desvio total somente nessa parcela destinada a investimento nos
produtores locais foi de R$ 300 mil e corresponde a apenas 30% do valor
utilizado para alimentação escolar. Então, o que a gente estima é que só
nessa licitação do Pnae foram desviados entre R$ 900 mil e R$ 1 milhão
sem que nada tenha sido utilizado realmente na merenda escolar”,
completou.
Além disso, o delegado reafirmou que investigações paralelas que estão
sendo realizadas com o apoio do Ministério Público do Maranhão (MP-MA)
em outros processos licitatórios com suspeitas de fraudes apontam para
desvios de até R$ 15 milhões, como anunciado no início da semana pela
promotora Karina Chaves, em entrevista à TV Mirante.
“Realmente as fraudes em licitações lá [em Bom Jardim], em um momento
não dá para a gente fechar um número. A gente está tentando seccionar,
pegando individualmente cada situação. Esse número [de R$ 15 milhões]
não é difícil de ser alcançado. Há investigações paralelas, com o
Ministério Público [do Maranhão], de outras fraudes em licitações, e de
fato pode ser chegado a esse número, sim. A promotora Karina Caves não
está exagerando, existe mesmo essa estimativa, frente à quantidade de
procedimentos licitatórios em que houve fraude no município durante a
gestão da atual prefeita”, relatou o delegado.
Gilberto Lima
Gilberto Lima
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