É inútil, a estas alturas, se iludir com a crença de que o holocausto
tenha gerado uma consciência humanitária e solidária na Europa.
Por Jeferson Miola/Carta Carta Maior
O corpo inerte de Aylan Kurdi, a inocente criança síria de cinco anos atracada já sem vida nas areias da praia de Bodrum, na Turquia, é o retrato da morte da humanidade. É a prova indesmentível de uma morte matada; não de uma morte morrida. É o testemunho de uma morte moralmente inaceitável; de uma morte, enfim, repugnante.
O corpo inerte de Aylan Kurdi, a inocente criança síria de cinco anos atracada já sem vida nas areias da praia de Bodrum, na Turquia, é o retrato da morte da humanidade. É a prova indesmentível de uma morte matada; não de uma morte morrida. É o testemunho de uma morte moralmente inaceitável; de uma morte, enfim, repugnante.
O corpo inerte de Aylan Kurdi atesta o assassinato da humanidade.
Centenas de milhares de mulheres, homens
e crianças fogem da Síria, Líbia, Iraque, Nigéria, Paquistão,
Afeganistão, Kosovo e do Oriente Médio numa viagem desesperada – e não
raras vezes mortífera – à Europa.
Os desamparados que sobrevivem aos
naufrágios no Mediterrâneo, quando pisam no território europeu, são
repelidos com criminosa e cínica indiferença, isso quando não são
armazenados em campos de concentração para refugiados.
É inútil, a estas alturas, se iludir com
a crença de que o holocausto tenha gerado uma consciência humanitária e
solidária na Europa. Se assim tivesse sido, não se assistiria a esta
repetição de lógicas racistas, segregacionistas e xenófobas do passado
nazi-fascista.
A diáspora é o resultado cruel do
intervencionismo das potências europeias e dos EUA. Os refugiados são os
“efeitos colaterais” da geopolítica que desestabilizou e incendiou
países do Oriente Médio e do norte da África e expulsa populações para
um exílio forçado.
Causa asco a ausência de compromisso
ético e humanitário da Europa com as vítimas das políticas desastrosas
empregadas pelos próprios dirigentes europeus em cumplicidade com os
EUA.
Aylan Kurdi, este inocente ser
assassinado em águas mediterrâneas, é filho histórico desse tempo
sombrio, em que a estupidez e o egoísmo da espécie humana sob a égide
capitalista parece vencer o ideal de humanidade.
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