Nosso grande
Rubem Braga protestou contra a supressão de uma frase em crônica que produziu,
crônica essa a ser publicada num dos jornais dos Diários Associados.
Rubem
Braga, que não era homem de mandar recado, lavrou seu protesto à face de Assis
Chateaubriand, proprietário da grande rede de jornais, emissoras e rádio e
televisão.
Ao ouvir
a repulsa de Rubem à censura que lhe fora imposta, Chateaubriand respondeu:
“Se você
quiser ter liberdade plena, Rubem, compre um jornal para escrever tudo que
desejar.”
Rubem não
comprou nenhum jornal e continuou produzindo suas crônicas imortais, sem dar
ouvidos à descabida advertência daquele que era dono do jornal, mas não era
dono de sua consciência.
A
inteligência reivindica liberdade. Cada pessoa tem sua percepção do mundo,
uma coerência interior a preservar. A invasão de outra inteligência, na
expressão criativa do indivíduo, com poder de censura, quebra a unidade do ser.
É uma violência. Constrange a pessoa, na expressão de seu mundo, em relação com
os outros.
É medida
saudável que as matérias sejam produzidas, predominantemente, pelos
profissionais dos respectivos Estados, mesmo Estados pequenos, em vez de serem
importadas do Rio de Janeiro e de São Paulo. Por qual motivo temas nacionais
devem ser abordados pela pena paulista e carioca, e não através da pena
capixaba, paraense, alagoana, sergipana?
Outra
providência na rota democrática, no caso da televisão, é ampliar o número
de concessionários e evitar a concentração dos canais nas mãos de um limitado
círculo de pessoas ou empresas.
Dispondo
da palavra impressa, falada ou visual, não pode o comunicador fugir da missão
de ser porta-voz do seu povo, no seu tempo. Cabe-lhe cultivar um jornalismo a
serviço da Justiça e da Verdade. É de seu dever denunciar tudo que se oponha a
esses valores. Não poderá o profissional da imprensa cumprir seu papel se, ele
próprio, tem pendente no seu pescoço a espada de Dâmocles. Daí que tão
importante quanto a vigência de um clima de liberdade, no país, é a vigência de
liberdade dentro dos veículos de comunicação.
Desfrutamos
hoje no Brasil de ampla liberdade de imprensa. Felizmente, não há mais censores
do governo nos jornais, revistas, emissoras de rádio e televisão. Mas ainda
ocorre uma censura interna exercida pelos proprietários das empresas.
João Baptista Herkenhoff, Juiz de Direito aposentado (ES), escritor e colaborador do blog Barradocordanews.com
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