Para peemedebista, senador não agiu
de má-fé ao pedir dinheiro a empresário da JBS que era visto como 'pessoa
séria'
João Alberto. presidente do Conselho de Ética do Senado, só faz o que Sarney manda |
O presidente do Conselho de Ética do
Senado, João Alberto Souza (PMDB-MA), considera que o senador afastado Aécio
Neves (PSDB-MG) foi vítima de "uma grande armação". Nesta
sexta-feira, 23, o peemedebista arquivou a representação contra o tucano
alegando não estar "convencido" das acusações contra o parlamentar,
investigado no Supremo Tribunal Federal (STF) pelos crimes de corrupção passiva
e lavagem de dinheiro. Os membros do colegiado ainda podem recorrer da decisão
do presidente.
Para João Alberto, Aécio não agiu de
má-fé ao pedir R$ 2 milhões ao dono da JBS, Joesley Batista. "Esse cidadão
(Joesley) era tido como um homem sério, um dos principais empresários do País,
com trânsito em todas as áreas, e que nunca se pensou que era bandido. Ele
(Aécio) entrou para conversar com um bandido pensando que era uma pessoa
séria", defendeu o presidente do conselho. Ele destacou que as gravações
de Aécio com Joesley não o convenceram de que houve quebra de decoro
parlamentar, nem as reportagens publicadas pela imprensa.
Aliado do ex-presidente José Sarney, o
peemedebista foi apontado como um dos principais atores no acordo
suprapartidário negociado entre os principais partidos do Senado para
"salvar Aécio". O objetivo seria não criar mais um precedente na
Casa. "Não existe nada disso, ninguém falou comigo. Eu já disse e repito:
não tenho mais idade para aceitar pressão", rebateu.
João Alberto contou que aguardava
posição Supremo sobre a prisão de Aécio esta semana para tomar a sua decisão,
porém o julgamento acabou adiado. O prazo para ele decidir sobre o recebimento
ou não da representação no conselho contra Aécio acabaria na próxima segunda,
26. "Como não tinha material que me desse uma certeza que houvesse quebra
de decoro, decidi pelo arquivamento da petição", alegou. Ele afirmou ainda
que, caso haja recurso no plenário, ele dará tramitação "normal" ao
processo.
Na petição de arquivamento do processo
que pedia a cassação do mandato de Aécio, João Alberto alegou falta de provas.
"A fundamentação do pedido deve estar baseada em elementos que possam ser
objeto de apuração. O quanto alegado, da mesma forma, deve estar lastrado em
conjunto probatório pré-constituído, o qual deverá acompanhar a Representação
no momento do seu ingresso, o que não ocorreu. Tal circunstância, por si só,
seria suficiente para justificar a rejeição preliminar do pedido", diz
trecho do despacho.
A decisão de João Alberto critica ainda
a junção de notícias de jornais no conjunto de provas, que João Alberto
classificou como "temerário", e considera que a delação de Joesley
não é suficiente para dar sequência à representação. "Não havendo qualquer
prova documental, há aqui claro conflito entre a palavra de um empresário
interessado a qualquer custo em se safar da prisão e a palavra de um senador da
República que conta com presunção de veracidade."
Para João Alberto, na gravação de Aécio
e Joesley "não há qualquer tratativa de vantagem indevida, muito menos
envolvendo interesses públicos" e também não houve pedido de
contrapartida. O texto destaca ainda que não foi anexado ao processo nenhuma
gravação ou troca de mensagens entre Andrea Neves e Joesley Batista, onde teria
ocorrido pedido de vantagem indevida. "Fica claro e evidente que a irmã do
representado não pediu 'propina' ao empresário, mas sim o procurou para tentar
vender um apartamento da família", afirmou o senador do Maranhão.
Com informações de O Estado de São Paulo
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