
A hipocrisia da sociedade sustenta essa conduta
viciada. Erro não há em pedir ou em dar. Mas se deve tomar muito cuidado.
Pedidos dessa natureza deveriam acontecer somente em casos excepcionais.
Pede-se “porque seria melhor do que roubar”. Esse quadro reverter-se-á quando
não tiverem vergonha de trabalhar, por mais humilde que seja o serviço. O
“caridoso” também deve exigir alguma retribuição e nunca entregar o pão fácil,
especialmente em dinheiro. O país da caridade excessiva é o mesmo da miséria
absoluta. Esses itens, somados às religiões, contribuem para a manutenção desse
espírito de solidariedade que sustenta a pobreza como virtude
humana.
Devido à amplitude do tema e ao pequeno espaço, o
enfoque se restringe a alertar a população dos cuidados que devem ser tomados
com o objetivo de evitar que esse benefício não se torne um mecanismo de vida
fácil. Pedir é difícil enquanto não é meio de vida. Depois, falar em trabalhar
para quem se acostumou a pedir é incorrer em sério risco de ser agredido física
ou verbalmente.
Recentemente, devido ao Ipobe - e miséria é
campeoníssima nisso – algumas emissoras de TV vêm incentivando e fomentando
essa prática de pedir a qualquer custo como o único meio de solucionar
problemas financeiros individuais. Antes, por meio de jogatina dos tele-900,
disfarçada de amparo assistencial às casas beneficentes e de outras atividades
sociais, e hoje com programas meramente assistencialistas apenas para aumentar
a audiência.
A função que seria das instituições públicas passou
à sociedade, que dia a dia sente-se mais responsável pela substituição do papel
das autoridades administrativas. Ora, ao contrário de darem certas soluções
momentâneas e paliativas, todos deveriam unir-se para cobrar daqueles que têm a
obrigação e o dever de solucionarem os problemas. Com as melhores das intenções
em ajudar, essa gente contribui para isentar os administradores de suas
responsabilidades. Estes, como regra, vivem a dizer que são o reflexo da
sociedade.
Apesar de ingênua, as ações sociais da população
ainda são melhores do que as medidas oficiais utilizadas apenas para enganar o
povo.
Brasileiramente, somos campeões em resolver um
problema criando outro maior. Esse assistencialismo gratuito e vulgar gera
chefe de grupo de crianças pedintes e “pais adotivos” de toda sorte. Essa jogatina
deve ser substituída apenas por uma linha de atuação mais independente e
corajosa das emissoras. E acabar com esse faz de conta. As pessoas, em lugar de
choramingar alguns gramas de comida, deveriam se organizar mais para protestar,
buscando uma solução definitiva para a fome. Embora contra a vontade de muitos
exploradores da miséria, basta luta e responsabilidade para acabar com essa
fome institucionalizada que existe no Brasil.
Pedro
Cardoso da Costa - Interlagos/SP
Bacharel em direito
"Problemas sociais se resolvem com projetos e trabalho, muito
trabalho".
Pedro Cardoso da Costa é colaborador do Barrradocordanews.com
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