Em seu último discurso antes de ser preso num
processo de exceção, o ex-presidente Lula fez um pronunciamento
histórico; "Eu sou um construtor de sonhos. Sonhei que era possível um
metalúrgico, sem diploma, cuidar mais da educação do que os diplomados e
concursados cuidaram da educação. Sonhei que era possível pegar os
estudantes da periferia e colocá-los nas melhores universidades do País.
Daqui a pouco vamos ter juízes e procuradores nascidos na favela,
nascidos na periferia. Se esse crime que eu cometi, eu vou continuar
sendo criminoso", afirmou Lula; "A morte de um combatente não para uma
revolução e vocês serão milhões e milhões de Lulas. Quanto mais dias me
deixarem lá, mais Lulas andarão por este País. Os poderosos podem matar
uma, duas ou três rosas, mas jamais poderão deter a chegada da
primavera", disse Lula; "Em muito pouco tempo, ficará claro que os
criminosos são o delegado que me investigou, o procurador que me acusou e
o juiz que me condenou. Vou para lá de cabeça erguida e vou sair de
peito estufado"; Lula saiu carregado nos braços do povo
247 – Em
seu último discurso antes de ser preso num processo de exceção, que
atendeu a interesses internacionais e redundou numa ordem de prisão
ilegal, expedida por Sergio Moro antes até do trânsito em julgado na
segunda instância, o ex-presidente Luiz Inácio Lula fez um discurso
histórico, em São Bernardo do Campo (SP). "Eu não os perdoo por ter sido
tratado como ladrão", disse Lula. "Eu não estou acima da justiça. Mas
eu acredito numa justiça justa, numa justiça justa que leva em
consideração as provas do processo. O que eu não posso admitir é um
procurador que fez um power-point e que foi para a televisão para dizer
que o PT é uma organização criminosa. Eu quero que ele guarde a
convicção dele para os comparsas deles, e não para mim", afirmou Lula,
numa referência a Deltan Dallagnol.
Lula também protestou
contra as campanhas de mídia de que foi vítima. "O que eles não se dão
conta é de que, quanto mais me atacam, mais cresce a minha relação com o
povo brasileiro", disse o ex-presidente com a voz rouca. "Os poderosos
podem matar uma, duas ou três rosas, mas jamais podem deter a chegada da
primavera", disse Lula.
O ex-presidente também se
referiu a Sergio Moro. "Eu gostaria de fazer um debate com ele e eu o
desafio a mostrar alguma prova", afirmou. "Eu sou um construtor de
sonhos. Sonhei que era possível um metalúrgico, sem diploma, cuidar mais
da educação do que os diplomados e concursados cuidaram da educação.
Sonhei que era possível pegar os estudantes da periferia e colocá-los
nas melhores universidades do País. Daqui a pouco vamos ter juízes e
procuradores nascidos na favela, nascidos na periferia. Esse crime eu
cometi. Esse crime eles não querem que eu cometa mais. Se esse crime que
eu cometi, eu vou continuar sendo criminoso", afirmou Lula.
Marisa foi morta por "gente sem alma"
O ex-presidente também
falou de seu drama pessoal. "Não é fácil o que sofrem os meus filhos, o
que sofrem os meus netos. A antecipação da morte da Marisa foi a
sacanagem dessa gente. Essa gente não tem alma", afirmou.
Lula também disse que
resolveu levantar a cabeça. "Não pensem que eu sou contra a Lava Jato.
Agora, qual é o problema. Você não pode fazer julgamento subordinado à
imprensa. Você destrói a pessoa e depois o juiz diz que não pode
contrariar a opinião pública. Quem quiser votar de acordo com a opinião
pública, que rasgue a toga", afirmou. Ele também disse ter sido
condenado por Moro a mando da Rede Globo. "Lula, Moro e a Lava Jato têm
um sonho de consumo. O golpe não terminou com a Dilma. O golpe só
termina se não me deixarem participar da eleição. Eles não querem o Lula
de volta porque, na cabeça deles, pobre não pode ter direito", afirmou.
"O outro sonho deles é a foto. Fico imaginando o tesão da Veja e da
Globo com a minha foto preso. Eles vão ter orgasmos múltiplos. Eles
decretaram a minha prisão e eu vou atender o mandado deles. Quero fazer a
transferência de responsabilidade. Eles vão descobrir pela primeira vez
o que eu tenho dito todo dia. O problema desse País não se chama Lula, é
a consciência do povo brasileiro. Tem milhões e milhões de Lulas para
andar por mim".
Homenagem a Dilma
Antes da fala, ele também
saudou vários companheiros. "Quero cumprimentar meu companheiro Aloizio
Mercadante. Se eu tivesse tantos títulos, eu seria presidente da
República. Guilherme Boulos é um companheiro da mais alta seriedade. Ele
tem só 35 anos. Você tem futuro, meu irmão. Quero saudar essa menina
bonita e inteligente, a Manuela", afirmou.
A maior homenagem, no
entanto, foi dedicada à presidente deposta Dilma Rousseff. "Quero
agradecer a esta mulher. A mais injustiçada das mulheres que um dia
ousaram fazer política neste País. Eu quero ser testemunha de vocês. A
Dilma foi a pessoa que meu deu a tranquilidade de fazer quase tudo que
eu consegui fazer na presidência da República, pela confiança, pela
seriedade e pela competência técnica da Dilma. Sou grato de coração. Não
teria sido o que fui sem a Dilma."
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