A grave crise política por que passa o
Brasil evidencia a persistência de práticas abusivas que maculam o fazer
político no país. De outra face, numa perspectiva positiva, a mesma
crise demonstra a importância do bom funcionamento das instituições que
representam o controle recíproco entre os três Poderes. Fica nítida a
imprescindibilidade dos mecanismos externos e independentes de
investigação para que tenhamos uma verdadeira República. Isso não
significa, contudo, que a Política possa ser substituída ou seja avessa à
vida republicana.
Desde os gregos, a concepção da
res-publica (que significa “coisa pública”) vem sendo formulada e
amadurecida. O debate central ocorre acerca de como os bens de todos (de
uso comum) devem ser administrados para serem utilizados realmente para
o bem da coletividade. Na Roma que formatou as principais instituições
do mundo ocidental, Cícero afirmou que o sentido da República era muito
mais que se contrapor ao poder despótico, mas sobretudo superar as
injustiças. Na França que hoje chora uma enorme tragédia, desde a
Revolução de 1789 que liberdade, igualdade e fraternidade são valores
proclamados como ínsitos à ideia republicana.
No Brasil, comemoramos hoje os 126 anos
da Proclamação da República. Apesar do largo período já decorrido, ainda
lutamos para superar heranças fortes como o patrimonialismo e o
escravismo que aqui floresceram à sombra do Império. O patrimonialismo
revela-se na imensa dificuldade de distinção entre o interesse público e
os propósitos de obtenção de fortuna mediante a apropriação indevida do
que deve pertencer a todos. O escravismo é responsável direto pelos
preconceitos raciais e pela naturalização de hierarquias tão profundas
entre “incluídos” e “excluídos”, espelhadas em nossos terríveis
indicadores sociais. Assim, o 15 de novembro não significou a construção
imediata e definitiva de uma República entre nós, mas deve ser
celebrado como o início de uma caminhada que deve ter como horizonte o
que Cícero preconizou há séculos: a República se justifica pelo combate
às injustiças.
Coerente com a lição do pensador romano,
tenho me empenhado ao máximo para ajudar a República a se consolidar no
Maranhão. Não compactuo com a corrupção e me mantenho firme no
compromisso de agir para que, nos termos da lei, sejam punidos aqueles
que desviem dinheiro público. Vejo essa atitude de zelar pela guarda do
patrimônio público, a mim confiado pelas urnas, como um caminho
essencial para que injustiças sociais sejam progressivamente superadas. É
desse modo que imagino que a Política pode ser revalorizada como
ferramenta insubstituível para a supremacia dos valores republicanos.
Contra o terror e contra as injustiças, a nossa proclamação: Liberdade,
Igualdade, Fraternidade.
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