15 abril, 2014

Universitários reclamam de infraestrutura da Uema durante Diálogos pelo Maranhão‏

Falta de estrutura própria faz alunos desistirem da aula. Flávio também ouviu moradores de Sucupira do Riachão e Barão de Grajaú


Os alunos do curso de Agroindústria da Universidade Estadual do Maranhão (Uema) de São João dos Patos participaram do Diálogos pelo Maranhão neste sábado (11). Eles conversaram com Flávio Dino, coordenador do movimento, sobre a falta de infraestrutura da instituição de ensino superior na cidade.

Segundo os universitários, as aulas dos cursos são ministradas em salas de uma escola particular e também nas instalações do Instituto Federal (Ifma). A falta de condições adequadas para o estudo foi determinante para que alguns alunos deixassem o curso. A primeira turma teve início no segundo semestre de 2012 com 30 alunos e hoje a turma segue com 23 estudantes. "Não temos prédio, não temos material didático, não temos cadeiras, temos apenas três professores. É um curso de extrema importância pra região, mas que não tem incentivo. Pedimos que dividam a atenção dos cursos da capital como os do interior", contou Gilberto Alves Júnior, que estava acompanhado de outros sete alunos da turma.

A falta de ações do Governo do Estado fez parte do discurso de outros moradores da região. A população participou de forma ativa das discussões sobre São João dos Patos. Empresários, lavradores, lideranças políticas, sindicalistas, trabalhadores rurais estiveram presentes no Diálogos para contribuir com o processo de mudança do Maranhão.

“O pedido de São João Batista é o pedido do Maranhão: pela saúde, que é um caos porque as pessoas não têm onde se tratar; não têm estrada vicinal, o asfalto das MAs não tem qualidade; na educação, os alunos ainda andam de pau de arara. É lamentável a situação da agricultura familiar que é desenvolvida em 25% do território e atende 70% da população. Temos a Barragem da Boa Esperança, mas o governo nunca ajudou a pesca com um anzol. Aqui não chega desenvolvimento, só chega propaganda", disse o vereador Tio Jardel.


Moradora do Centro, Rosinha Amélia conta com satisfação as contribuições que o Diálogos representa para o Maranhão. "É importante a gente ouvir uma voz de mudança. Esse é um momento importante que está crescendo no estado e que nos dá oportunidade de mostrar o município . Na nossa cidade sempre tem o que melhorar: saúde, educação", listou. Grande liderança da região, Paulo do Zeca também elogiou a caravana da mudança: "É um movimento que ganha força e que está conhecendo a realidade do estado para fazer o planejamento de ações. Este dia é importante pela visita da caravana Diálogos em busca do bem comum".

Edson Francisco, presidente do Sindicato dos Trabalhadores e Trabalhadoras Rurais de São João dos Patos, pediu estrada para facilitar o acesso ao município. “Para a agricultura familiar nós temos um grande pedido que é acabar com isolamento por falta de estrada e assistência técnica. Que olhe pela zona rural para que possa alavancar a produção de arroz, feijão, milho e mandioca na zona rural. Hoje, quase 50% do município trabalha com agricultura familiar”, disse. São João dos Patos tem 75 anos e uma população de 24 mil habitantes.

Flávio Dino reforçou a importância de ações públicas em todos os 217 municípios maranhenses. Para a região leste, como os municípios visitados este final de semana, disse ser ideal um governo descentralizado. “Aqui na região a gente se refere, por exemplo, ao abandono das estradas. Nós precisamos melhorar a infraestrutura, compreender que um governo bom é um governo descentralizado que atende todas as regiões e avançar nos serviços públicos e nas políticas sociais: educação, saúde e segurança. É fundamental para virarmos a página do passado e iniciarmos um novo ciclo para o Maranhão”, disse.

SUCUPIRA DO RIACHÃO

Em Sucupira do Riachão, a cobrança foi por políticas públicas. O município com seis mil habitantes, conforme lembrou Antônio Luís, presidente da Câmara de Vereadores, está esquecido pelo Governo do Estado. “Sucupira recebeu o abandono e o esquecimento do Governo. Ao sertão maranhense e ao povo de Sucupira só restou o desprezo. Precisamos de um nome que olhe pelos grandes, mas não esqueça os pequenos municípios. Hoje temos que procurar saúde e educação no Piauí, buscar em outras cidades oportunidades de emprego”, disse.

A esperança de mudança do modelo político foi citada por várias lideranças. Paulo Henrique citou a transparência como ferramenta imprescindível de governo. O vice-prefeito de Sucupira do Riachão, Ednilson Barbosa, pediu que a cidade não seja esquecida pela próxima gestão estadual. A vereadora Tânia do Cadi exigiu respeito, administração e trabalho pelo povo da cidade.

BARÃO DE GRAJAÚ

A programação deste sábado (12) foi finalizada reunindo lideranças de Barão de Grajaú. Novamente a pauta da região voltou-se para a agricultura familiar. O encontro foi acompanhado por técnicos do Serviço (Senar) dos municípios maranhenses de Codó, Presidente Médice e Cantanhede. Trinta e dois profissionais estão em treinamento em Floriado (PI) sobre assessoramento para os produtores rurais. “Estamos tendo aulas teóricas e práticas para melhorar os índices do campo que, infelizmente, no Maranhão são baixos. Vamos atuar para que o agricultor maranhense tenha uma produtividade melhor, disse Aeudes Ericeira, de Presidente Médice.

O baixo desempenho do Maranhão está sustentado, principalmente, na falta de assessoria. O objetivo da qualificação é assegurar aos produtores o desenvolvimento do trabalho de forma tecnificada. “Estamos nesse treinamento para identificar o erro e saber quais soluções podemos dar para os agricultores. Consequentemente, o reflexo é a melhoria da qualidade de vida dos produtores”, explicou Miqueias Fernandes, da cidade de Tuntum.

Para Roniclésio Lopes, de Cantanhede, a falta de incentivo do poder público também é um entrave para o sucesso da lavoura. “Você vê na região sul do estado produtores bem sucedidos, nas outras regiões os produtores maranhenses não têm boa produção por falta de assistência técnica de qualidade”, considerou. “A Agência de Assistência Técnica (Agerp) não supre a demanda. Antes existia a Emater, que foi extinta na década de 90. Até hoje se cria órgão, mas sem condições, estrutura e capacidade de atender os agricultores”, frisou Francisco Alves, Codó.

César Júnior, liderança de Barão de Grajaú, listou também outras prioridades: educação, saúde e segurança. “A cada dia vemos a necessidade do nosso povo. A gente espera que a mudança chegue para nossa cidade”, completou.

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