Segundo a família de Ammy "Dolly" Everett, ela se matou depois de ser
vítima de bullying. Em um postagem no Facebook, o pai da garota, Tick
Everett, fez um apelo para que se tenha mais consciência sobre o
problema, para que a trágica história da filha "não seja desperdiçada".
Dolly
era garota propaganda da Akubra, tradicional marca de chapéu
australiana. A empresa, além de expressar condolências, também fez um
apelo para que as pessoas "se ergam" contra qualquer tipo de bullying.
Na Austrália, uma em cada cinco crianças diz que já sofreu bullying.
No
emotivo texto que postou nas redes sociais no domingo, o pai da modelo
não dá detalhes do tipo de violência a que Dolly foi submetida. Mas
afirmou que houve bullying, e que ela queria "escapar do mal desse
mundo".
Ele disse esperar que a atenção dada à morte da filha na semana passada "ajude a evitar que outras vidas preciosas se percam".
Convite para funeral
Everett convidou para o funeral da filha aqueles que praticam repetidos atos de violência física e psicológica contra Dolly.
"Se,
por acaso, as pessoas que pensaram que era só uma piada e que se
sentiram superiores pelo bullying e assédio constantes virem essa
postagem, por favor, venham à cerimonia e testemunhem a ruína que
criaram", escreveu o pai.
A família divulgou um comunicado à
imprensa dizendo que Dolly era "a alma mais gentil, atenciosa e bela".
"Ela estava sempre cuidando de animais, crianças pequenas e de outras
crianças menos afortunadas na escola".
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A família compartilhou
ainda um desenho recente feito pela filha, mostrando uma figura magrinha
inclinando-se para traz com os dizeres: "Fale mesmo se sua voz tremer".
"Essa mensagem poderosa indica o lugar escuro e assustador para onde nosso lindo anjo viajou", diz o texto.
De
acordo com a emissora australiana ABC, a família também disse que
gostaria de criar um fundo para ajudar a conscientizar sobre bullying,
ansiedade, depressão e suicídio juvenil.
'Dolly poderia ser a filha de qualquer um'
Ammy
"Dolly" era garota propaganda de um dos símbolos mais conhecidos na
Austrália: o chapéu de pele de coelho com abas largas, normalmente
associado à vida no campo.
Ela estrelou uma bem sucedida campanha publicitária da Akubra quando tinha oito anos.
"Bullying, de qualquer tipo, é inaceitável", escreveu a empresa no Facebook na terça.
"Cabe a nós reagir quando vemos qualquer tipo de bullying. Dolly poderia ser a filha, irmã, amiga de qualquer um."
A companhia fez um apelo aos leitores da mensagem: "Seja um amigo, fique atento aos seus amigos".
Resistência em denunciar
De
acordo com o Centro Nacional contra o Bullying da Austrália (NCAB, na
sigla em inglês), apesar de as taxas globais terem ligeiramente
diminuído ao longo da última década, há o registro de mais casos na
esfera virtual.
"O que difere o bullying virtual é que ele pode
ser constante, 24 horas, sete dias por semana", disse à BBC Jeremy
Blackman, da NCAB.
Segundo ele, outro fator relevante é o
anonimato promovido pela internet, que pode dificultar a empatia com as
vítimas de bullying.
"Isso significa que mais crianças podem praticar bullying", diz Blackman.
Apesar
dos serviços de ajuda disponíveis, adolescentes tendem a resistir em
comunicar quando são vítimas de bullying, segundo a NCAB.
Ele costumam procurar por ajuda apenas quando a situação fica insuportável.
Não
há estatísticas oficiais sobre suicídios relacionados ao bullying. No
caso da Austrália, as taxas de suicídio estão caindo de forma geral. No
entanto, há um registro de aumento entre pessoas com idade entre 15 e
24 anos.
BBC Brasil
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