Ele morreu nesta quinta-feira (13), aos 81 anos.
Família ainda não autorizou hospital a divulgar a causa da morte.
Do G1, em São Paulo
O ator Paulo Goulart
morreu em São Paulo, nesta quinta-feira (13), aos 81 anos. Ele estava
internado no hospital São José, na região central da cidade. Entre
agosto e outubro de 2012, ele ficou internado devido a um câncer na
região entre os pulmões. A família ainda não autorizou o hospital a
divulgar a causa da morte. O corpo do ator será velado a partir das 20h,
no Funeral Home, em São Paulo (Rua São Carlos do Pinhal, 376). O
enterro será na sexta-feira (14) no Cemitério da Consolação, também em
São Paulo.
A família do ator se reuniu e conversou com repórteres no hospital,
nesta quinta. "Foi um final dolorido, mas uma passagem em paz com muito
amor", disse Nicette Bruno, viúva de Paulo. "Foi com todos os filhos e
netos em volta. É eterno. Vamos ter esse momento de separação. Mas vamos
nos encontrar. Tenho a certeza de que ele estará sempre conosco",
completou Nicette. Beth Goulart, filha do casal, agradeceu a todos os
"amigos conhecidos e desconhecidos" que sentiram a perda. Todos choraram
durante os depoimentos.
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Paulo Goulart em 1994 (Foto: Marcos Mendes/ Agência Estado) |
Ao longo de sua carreira, iniciada quando ainda era adolescente,
Goulart destacou-se por seus trabalhos em novelas como “Plumas e paetês”
(1980), “Roda de fogo” (1986) e “O dono do mundo” (1991). Ele também
participou de filmes como “Rio zona norte” (1957), “O grande momento”
(1958), “Gabriela, cravo e canela” (1983) e “Para viver um grande amor”
(1983).
Paulo Goulart nasceu em Ribeirão Preto (SP) em 9 de janeiro de 1933 –
seu nome de batismo é Paulo Afonso Miessa; o Goulart ele tomou
emprestado de um tio, o radialista Airton Goulart, como aponta o perfil do ator no site Memória Globo.
O texto relembra ainda que seu primeiro emprego foi como DJ, operador e
locutor em rádio fundada por seu pai, em Olímpia, também no interior
paulista.
No entanto, antes de se iniciar na carreira artística, o futuro ator
estudou química industrial. De acordo com ele próprio, a ideia era ter
uma alternativa de emprego. “Eu queria ter algum outro ofício, porque
rádio, embora fosse uma grande coqueluche, não era encarado como uma
profissão. Estavam fazendo teste para locutores na Rádio Tupi de São
Paulo, e lá fui eu. Mas não passei, fiquei em segundo lugar”, disse.
O desempenho e falta de conhecimentos técnicos do adolescente, contudo,
não impediram a contratação, que Goulart creditava à interferência do
ator de rádio Oduvaldo Vianna: “Foi a primeira pessoa que sacou esse meu
talento, essa coisa histriônica dos atores sem uma formação de escola”.
Na época, ele estava prestes a completar 18 anos. “A televisão estava
começando, era 1951. Nós éramos contratados da rádio, e a TV Tupi era
sustentada pelo rádio. Então, tínhamos também a obrigação de fazer
televisão. O primeiro programa que eu fiz na TV foi com o Mazzaropi!”
Um ano depois, Goulart conheceu a atriz Nicette Bruno e fez sua
primeira peça. Eles se casaram em 26 de fevereiro de 1954 e tiveram três
filhos, Beth Goulart, Bárbara Bruno e Paulo Goulart Filho – que
seguiram a carreira dos pais.
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Paulo Goulart e Nicette Bruno em frente ao Teatro Guaíra, em Curitiba, em 2008 (Foto: Valéria Gonçalvez/Agência Estado) |
No cinema, estreou em 1954, na comédia “Destino em apuros”, de Ernesto
Remani. Neste que é tido como o primeiro filme colorido produzido no
Brasil, Goulart contracenou com Paulo Autran, Sérgio Britto, Ítalo Rossi
e Inezita Barroso. Seu segundo trabalho no cinema foi em “Rio, zona
norte” (1957), de Nelson Pereira dos Santos. Antes de estrear na TV
Globo, o que aconteceria em 1969, Paulo Goulart morou com a família por
um período no Paraná – onde trabalhou com teatro e TV – e passou pela TV
Excelsior. Entre o final da década de 1950 e o começo da de 1960,
prosseguiu atuando no cinema. Em 1958, esteve em nada menos que cinco
filmes. Já na Globo, seu primeiro papel veio em “A cabana do pai Tomás”,
que adaptava o livro homônimo escrito pela autora americana Harriet
Beecher Stowe (1811-1896).
No trabalho seguinte na emissora, esteve em história cujo tema ele
considerava ousado. “Era uma temática bastante arrojada para a época:
uma mulher casada que deixou o marido para viver com outro homem”,
declarou. A novela era “Verão vermelho” (1970), de Dias Gomes, na qual
interpretou uma das pontas de um triângulo amoroso formado ainda por
Dina Staft e Jardel Filho. Ele também costumava destacar o pioneirismo
da novela “Uma rosa com amor” (1972): “Foi, talvez, a primeira novela de
comédia”.
Depois disso, Goulart fez novelas importantes na TV Tupi, caso de
“Éramos seis” (1977), inspirada na obra homônima, escrita por Maria José
Dupré (1898-1984), e “Gaivotas” (1979). No regresso à Globo, esteve em
“Plumas e paetês” (1980): “Foi fantástico! Aquele guarda italianão
[Gino], que falava com aquele sotaque, gostava de comida... Eu adoro!
Foi um retorno maravilhoso”.
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A família Goulart - Paulo Goulart Filho, Nicette Bruno, Bárbara Bruno e Beth Goulart- em 1987 (Foto: AE) |
Sobressaíram, na década seguinte, suas participações nas novelas “Roda
de fogo” (1986), “Fera radical” (1988), protagonizada por Malu Mader e
na qual o ator deu vida a um cadeirante, o que rendeu uma comparação do
ator com o seu próprio jeito de ser. “Meu personagem vivia em cadeira de
rodas, e eu sou uma pessoa muito vigorosa na vida real. Nicette que o
diga, coitada. De vez em quando eu esbarro nas coisas e quebro tudo!”,
brincou.
Nos anos 1990, Paulo Goulart ficou especialmente marcado por interpretar personagens de caráter duvidoso. Vieram, então, o bon vivant Altair de “O dono do mundo” (1991), em que viveu o pai do protagonista (papel de Antonio Fagundes), e o seu Donato da segunda versão de “Mulheres de areia” (1993). Goulart chegou a comentar sobre a composição deste último: “Donato era uma pessoa má por princípio, um assassino. Mas eu me agarrei numa só coisa: um grande amor, ou melhor, a paixão por uma adolescente. Então, em nome disso, ele cometia todas as atrocidades; e, quanto mais apaixonado, pior ficava. Mas isso me abastecia como intérprete”.
Nos anos 1990, Paulo Goulart ficou especialmente marcado por interpretar personagens de caráter duvidoso. Vieram, então, o bon vivant Altair de “O dono do mundo” (1991), em que viveu o pai do protagonista (papel de Antonio Fagundes), e o seu Donato da segunda versão de “Mulheres de areia” (1993). Goulart chegou a comentar sobre a composição deste último: “Donato era uma pessoa má por princípio, um assassino. Mas eu me agarrei numa só coisa: um grande amor, ou melhor, a paixão por uma adolescente. Então, em nome disso, ele cometia todas as atrocidades; e, quanto mais apaixonado, pior ficava. Mas isso me abastecia como intérprete”.
Outros dois vilões de Goulart foram o Farina de “Esperança” (2002) e o
professor Heriberto de “Duas caras” (2007). Entre uma novela e outra,
houve tempo para um tipo menos questionável: o fragilizado Mariano de
“América” (2005), padrasto da protagonista (papel de Deborah Secco).
Nos anos 2000, o ator também se dedicou ao trabalho em minisséries,
como “Aquarela do Brasil” (2000), “Um só coração” (2004), “JK” (2006) e
“Amazônia: de Galvez a Chico Mendes” (2007). Antes, esteve em “Auto da
compadecida” (1999). Suas últimas novelas foram “Ti-ti-ti” (2010) e
“Morde & Assopra” (2011). Ao longo da carreira, Paulo Goulart atuou
em trabalhos exibidos por outras emissoras, como “As pupilas do senhor
reitor” (1995), do SBT, e “O campeão” (1996), da Bandeirantes.
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