Há umas cinco décadas existiam apenas os
campeonatos estaduais. Os clubes sobreviviam deles e de amistosos. Tanto que o
grande mérito dos maiores clubes eram as excursões nacionais, pelas regiões
menos desenvolvidas e internacionais, com participação nos torneios de verão da
Europa e em pequenos torneios pelo país afora. Vencer o Ramon de Carranza,
Tereza Herrera e outros era considerado um grande feito para os grandes clubes
brasileiros.
Depois
veio a Copa do Brasil nos anos sessenta, com poucos jogos, com fases iniciais
por regiões. Os campeões de cada região decidiam o título nacional. Em 1971 foi
criado o Campeonato Nacional que, no decorrer do tempo, foi sofrendo
modificações, até chegar nos moldes atuais.
A
Taça Libertadores da América começou com o mesmo formato da Liga dos Campeões
da Europa. Era bem enxuta. Bem atrativa. Começou com a participação dos
campeões de cada país, depois se acrescentou o vice. Aumentaram para 32
equipes. Mesmo assim é um campeonato motivador.
Ocorre
que não pararam de criar campeonatos e o efeito principal foi torná-los todos
muito chatos.
Um
mesmo time grande hoje pode disputar os campeonatos Estadual, Primeira Liga,
Nacional e Copa do Brasil; Taça Libertadores, Supercopa das Américas e Mundial
de Clubes. E são os próprios clubes que reivindicam e depois reclamam de
excesso.
Os
grandes times se enfrentam constantemente e jogos que deveriam ser clássicos
importantes passam a ser jogos cotidianos e desmotivados. O torcedor nem decora
mais quais foram os jogos por esse ou aquele campeonato.
A
televisão deixou de mencionar com antecedência quais os jogos transmitidos e
nem tem mais nenhum tempo de introdução, de comentários antes das partidas;
estas não são analisadas pelos comentaristas. Ficam apostando palpites para
ambos os times e ainda reforçam que tinham afirmado isso e aquilo para
enaltecer a condição de gurus, de antevisores. Eles deveriam analisar o que
ocorre na partida, não dizer que os técnicos deveriam fazer isso e aquilo. A
vitória só pode ser para um, o que torna impossível a sugestão para os dois.
Exageraram
nos campeonatos para um clube só; a televisão mostra jogos todos os dias times
muito fracos, os times não seguram nenhum jogador que interesse a qualquer
divisão da Europa, Japão, China ou de qualquer outro lugar e fica apenas o que
não interessa lá fora. E como resultado, o nosso futebol está acabando na
técnica e até na expectativa do brasileiro.
É
preciso sermos mais criativos com nossos próprios métodos, pararmos de copiar
literalmente a Europa, pois a cultura e as condições socioeconômicas são bem
diferentes. E um grande clube deveria disputar no máximo três competições, mais
o Mundial de Clubes, no caso de vencer a Libertadores.
Pedro Cardoso da Costa – Interlagos/SP
Bacharel em direito
Pedro Cardoso da Costa é colaborador do blog Barradocordanews.com
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