04 setembro, 2017

Em artigo, Sarney defende Temer e ataca Janot

Acostumado com o poder e a impunidade eterna, Sarney, com as denúncias de Janot, pode finalmente cair do topo do poder para ser julgado como cidadão comum, caso o juiz Sérgio Moro passe a apurar as denúncias contra o ex-senador na primeira instância.
Denunciado pela Procuradoria-Geral da República (PGR) por ter recebido R$ 650 mil em propina para abastecer seu grupo político nas eleições de 2008, José Sarney usou neste fim de semana sua coluna no jornal O Estado do Maranhão - de sua propriedade - para atacar o procurador-geral Rodrigo Janot e defender o impopular governo Michel Temer (PMDB).

No artigo intitulado "O bigode", Sarney cita uma suposta obsessão de Janot pelo seu bigode e o do senador Romero Jucá (PMDB-RR). Jucá é correligionário do velho oligarca e outro peemedebista na fila dos investigados pela Lava Jato na Suprema Corte, com cinco pedidos de inquéritos por atos de corrupção.

"Frases aqui e acolá, de ontem e de hoje, estão fazendo onda. Pode figurar nelas a obsessão do Janot com o bigode do Jucá [...] Que direi eu que carrego um desde que surgiu? Várias vezes me sugeriram tirá-lo, eu recusei [...] Tem sido marca e referência. Uns me trataram 'de homem do bigode'; outros, de 'o bigodão' [...] Mas, graças a Deus, ele aí está, e Deus queira que o Dr. Janot o esqueça — coisa que não me parece provável", desabafa Sarney.

Além de atacar os pedidos de investigações feitos pelo chefe do Ministério Público Federal contra ele e seus comparsas do PMDB, Sarney aproveita a narrativa sobre bigodes para tentar maquiar verbalmente o fracasso do governo Temer.

"Bigodes à parte, o país dá sinais de que volta a crescer, com empregos em alta, reservas melhorando, embora ainda longe de recuperar os 8% do PIB", diz Sarney na coluna.

Ele bem que tentou dar um tom jovial ao texto ao falar sobre bigodes, mas o artigo de Sarney é, a bem da verdade, um lamurioso protesto.

Acostumado com o poder e a impunidade eterna, Sarney, com as denúncias de Janot, pode finalmente cair do topo do poder para ser julgado como cidadão comum, caso o juiz Sérgio Moro passe a apurar as denúncias contra o ex-senador na primeira instância. O oligarca está afastado da política desde 2014 e não possui, portanto, direito a foro privilegiado.

Como diz o título de um artigo escrito pelo jornalista Andrei Meireles, Sarney no banco dos réus pode ser um marco na Justiça brasileira. Agora é espera para ver se Janot vai, finalmente, conseguir “raspar o bigode” (e a tirania) de Sarney.
Do Gilberto Lima

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