Por
iniciativa da Fundação Ulysses Guimarães tive a oportunidade de debater a
respeito deste tema: Para onde a cidadania quer levar o país?
Para
discorrer sobre cidadania, numa instituição que tem o nome de Ulysses Guimarães,
não seria possível iniciar a fala senão reportando-me a seu patrono, um
paradigma das lutas cidadãs.
Ulysses
combateu a ditadura instaurada no Brasil em 31 de março de 1964 e desempenhou
papel decisivo na redemocratização do Brasil.
Ao
declarar que a Constituição de 1988 tinha sido promulgada pela Assembleia
Nacional Constituinte, o gigante Ulysses, com a Carta Magna erguida nas mãos,
num gesto cívico, adjetivou o documento: Constituição cidadã.
Mas
tudo isso é história e para os jovens até parece pré-história nestes tempos em
que o ontem é esquecido e somente o hoje tem significado.
Entretanto
é preciso que se diga com todas as forças da alma: um povo que não conhece o
passado não tem futuro.
São
muito expressivas e dignas de aplausos as passeatas que condenam a corrupção,
que exigem segurança, saúde e educação, que protestam contra os desvios
éticos.
As
classes dominantes desencorajam as lutas coletivas.
Com
frequência, os líderes das lutas coletivas são perseguidos, presos e até mesmo
assassinados.
O
povo tem de aprender a vencer seus desafios com as próprias forças.
Mesmo
que o ambiente envolvente seja adverso, mesmo que a luta coletiva não seja
valorizada e enaltecida, é a união que faz a força.
Assusta-me
que algumas vozes distorçam os justíssimos reclamos e advoguem o retorno da
ditadura.
Assusta-me
também que uns poucos maculem o protesto democrático com atos de vandalismo e
destruição do patrimônio histórico.
Lembre-se,
sobretudo aos jovens, que os atos institucionais que decretaram o regime
ditatorial apresentaram, como justificativa para a supressão das garantias, a
defesa dos valores democráticos.
Entretanto,
com as ressalvas admitidas para que vigorasse, em nossa Pátria, uma liberdade
apenas relativa, o que vimos, a partir de primeiro de abril de 1964, foi a
prática da tortura nos porões do regime, o assassinato de opositores, o
silenciamento dos grandes líderes e os abusos de toda ordem.
Respondi
à pergunta formulada pelos organizadores do conclave referido no início deste
texto.
A
cidadania quer levar o país à Justiça Social, a uma melhor distribuição da
renda,
a uma educação pública de excelente qualidade,
à efetivação da saúde como direito de todos,
à infância e adolescência protegidas, cuidadas como tesouro mais precioso que o
ouro e a prata, como disse o Papa Francisco.
Juiz de Direito aposentado (ES), Professor, Escritor
e colaborador do Blog Barradocordanews.com
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