Reunião da Comissão de Segurança da Alema realizada para fazer a oitiva do delegado Pedro Adão | Kristiano Simas |
O presidente da Assembleia Legislativa do Maranhão (Alema), deputado
Othelino Neto (PCdoB), participou, nesta quarta-feira (9), da reunião da
Comissão de Segurança Pública da Casa, programada para que os
parlamentares pudessem ouvir o delegado Pedro Adão, envolvido em um
suposto caso de abuso de autoridade após conduzir a prisão do
ex-vereador e comunicador Toninho Abreu, na cidade de Vargem Grande. O
delegado não compareceu à oitiva, convocada pelo deputado Dr. Yglésio
(PDT), membro da comissão que, diante da falta do convocado, anunciou
que vai propor a instalação de uma Comissão Parlamentar de Inquérito
(CPI) para apurar as possíveis arbitrariedades cometidas pelo delegado.
O caso foi registrado por populares e repercutiu na internet. Toninho
Abreu foi preso no dia 19 de setembro deste ano por não pagar pensão
alimentícia. A apuração da Assembleia Legislativa está relacionada às
denúncias de abuso de autoridade durante a operação de prisão do
comunicador.
“Nós viemos acompanhar a exposição daquilo que consideramos atos
abusivos do delegado Pedro Adão. Lamentamos o fato de ele não ter
comparecido na oportunidade para se explicar aos deputados e ao povo do
Maranhão”, afirmou Othelino Neto, que considerou a ausência do delegado
uma falta de respeito com o Poder Legislativo.
“A partir, principalmente, da ausência sem explicação e sem
justificativa legal do delegado, vamos apreciar quais serão as novas
providências que tomaremos, para garantir que atos arbitrários não
continuem acontecendo, porque isso não é bom para o Maranhão e para o
Estado Democrático de Direito”, acrescentou o presidente da Alema.
Durante a reunião, que contou ainda com a participação dos deputados
Rafael Leitoa (PDT), Felipe dos Pneus (PRTB) e Adriano Sarney (PV), além
de familiares e do advogado de Toninho Abreu, o deputado Dr. Yglésio
apresentou vídeos que mostram o apresentador sendo agredido e tendo o
seu celular tomado por um agente público que participava da operação.
As imagens mostram que, ao tentar recuperar seu telefone, Toninho foi
imobilizado e levado à força pelos policiais até a viatura. Antes disso,
teria pedido ao delegado que fosse conduzido no seu próprio carro,
acompanhado de um policial, alegando que iria de forma espontânea à
delegacia e que não era bandido. O pedido foi negado pelo delegado
responsável, Pedro Adão, que optou pelo uso da força.
“Nós recebemos uma série de denúncias nas redes sociais de pessoas
incomodadas com a situação e com o clima de terror que se instaurou em
Vargem Grande, por conta da atuação arbitrária do delegado Pedro Adão. A
Assembleia Legislativa, enquanto representação máxima do povo do
Maranhão, não poderia se furtar a acompanhar essa situação”, assinalou o
deputado Dr. Yglésio, ressaltando que não se questiona o não
adimplemento de pensão alimentícia por parte de Toninho Abreu, e sim a
forma como foi conduzida a prisão.
A defesa do comunicador alega perseguição pessoal e aponta alguns
indícios que caracterizam o abuso de autoridade durante a operação. “O
crime de abuso de autoridade não tem só como vítima aquela que foi
passível do ato. Tem, também, como vítima o próprio Estado, porque este
não paga um agente público para ser arbitrário, nem para infringir as
leis. Ele tem que exercer suas funções em conformidade com as normais
legais”, declarou o advogado Ângelo Calmon.
Abertura de CPI
A ausência do delegado não agradou os parlamentares, que entenderam a
situação como uma falta de respeito ao Legislativo maranhense. A reunião
da Comissão de Segurança Pública repercutiu na sessão plenária desta
quarta-feira (9). O deputado Dr. Yglésio anunciou que irá propor a
instalação de uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) para apurar as
possíveis arbitrariedades cometidas pelo delegado Pedro Adão.
“Fizemos a convocação do delegado para que se fizesse presente, hoje,
nesta Casa, para prestar esclarecimentos. Porém, se colocando acima da
lei, não veio. Portanto, a partir de agora, nós vamos propor a
instalação de uma CPI para que ele seja obrigado a vir aqui e
convocaremos o secretário de Estado de Segurança Pública, Jefferson
Portela, também perante o Plenário, para prestar os esclarecimentos”,
garantiu o parlamentar.
Também na sessão plenária, o presidente Othelino enfatizou o ato de
desrespeito do delegado com a Assembleia e com o povo do Maranhão ao não
atender à convocação. “Nós lamentamos muito, ao enfatizarmos o profundo
respeito que temos pela Polícia Civil, que um delegado de polícia do
quadro cometa as arbitrariedades que essa pessoa está cometendo e que
desrespeite este Poder Legislativo não comparecendo a uma convocação.
Nós daremos os desdobramentos necessários para fazer valer as
prerrogativas constitucionais desta”, concluiu.
Nenhum comentário:
Postar um comentário