Benedicto
Júnior, um dos delatores da empreiteira na Lava Jato, contou ao TSE que
dinheiro, pago via caixa 2, foi repartido em 2014, sendo R$ 6 milhões para três
políticos do PSDB e R$ 3 milhões para marqueteiro do tucano, que concorria à
Presidência da República; executivou relatou que a empresa repassou R$ 200
milhões para todas as campanhas
Beatriz
Bulla, Valmar Hupsel Filho e Fausto Macedo
O
Estado de São Paulo
O ex-presidente da Construtora Odebrecht
Benedicto Júnior, um dos delatores da Operação Lava Jato, disse
nesta-quinta-feira, 2, em depoimento ao ministro Herman Benjamin, do Tribunal
Superior Eleitoral (TSE), que na campanha de 2014 repassou R$ 9 milhões a
políticos do PSDB e do PP e ao marqueteiro tucano a pedido do então candidato à
Presidência Aécio Neves – presidente nacional da sigla. Segundo Benedicto, a
doação foi feita via caixa 2.
O executivou relatou que a Odebrecht
repassou R$ 200 milhões para todas as campanhas de 2014. Benedicto afirmou que
R$ 120 milhões doram transferidos de forma oficial, R$ 40 milhões por caixa 2
de terceiros, no caso pela Cervejaria Itaipava e R$ 40 milhões por caixa 2.
Ele não disse que se encontrou ou se
tratou pessoalmente com Aécio sobre as doações. A audiência, realizada na sede
do Tribunal Regional Federal da 2.ª Região, no Rio, faz parte da Ação de
Investigação Judicial Eleitoral aberta a pedido do PSDB contra a chapa Dilma
Rousseff-Michel Temer por suspeita de abuso de poder econômico na campanha
presidencial.
Questionado por advogados que
compareceram à sessão, Benedicto relatou que R$ 6 milhões foram repassados para
Antonio Anastasia (PSDB) – que foi eleito senador em 2014 –, para o ex-ministro
Pimenta da Veiga (PSDB) – que concorreu ao governo de Minas – e Dimas Fabiano
Toledo Júnior (PP) – eleito deputado federal e filho do ex-diretor de Furnas
Dimas Toledo. Os outros R$ 3 milhões, ainda segundo o ex-presidente da
Construtora Odebrecht, foram pagos ao publicitário Paulo Vasconcelos,
marqueteiro de Aécio na campanha presidencial. O combinado, segundo o executivo,
era um pagamento no total de R$ 6 milhões para Vasconcelos, mas só foi possível
repassar a metade.
O ex-executivo da Odebrecht – conhecido
na empreiteira como BJ – não pôde dar mais detalhes. Ele foi advertido pelo
ministro de que as doações ao PSDB são objeto estranho à investigação.
Benedicto disse que não tinha ciência de doações à campanha nacional, pois
cuidava apenas de doações estaduais.
Segundo testemunhas do relato do
ex-executivo, ele afirmou que não poderia dizer se os pagamentos foram realizados
em dinheiro. Um advogado o questionou sobre a forma das doações. Ele admitiu
repasses não contabilizados, o caixa 2. Disse que, em geral, são feitos via
caixa 1, ou caixa 1 por terceiros – citou a cervejaria Itaipava que, segundo o
empreiteiro Marcelo Odebrecht, era usada como “laranja” para repasses a
políticos.
“Quando é por caixa 2 como é feito o
pagamento?”, perguntou um outro presente à sessão. “É dinheiro, em espécie”,
respondeu Benedicto.
Paulos Vasconcelos, Pimenta da
Veiga e Dimas Toledo Filho não foram
localizados.
COM
A PALAVRA, O SENADOR AÉCIO NEVES
Procurada, a assessoria do senador Aécio
Neves disse que ele “solicitou, como dirigente partidário, apoio para inúmeros
candidatos de Minas e do Brasil a diversos empresários, sempre de acordo com a
lei. Como já foi divulgado pela imprensa, o empresário Marcelo Odebrecht, que
dirigia a empresa, declarou, em depoimento ao TSE, que todas as doações feitas
à campanha presidencial do senador Aécio Neves em 2014 foram oficiais”.
COM
A PALAVRA, O SENADOR ANTONIO ANASTASIA
Em nota, a assessoria do senador Antonio Anastasia disse que o parlamentar “nunca tratou, no curso de toda sua trajetória pessoal ou política, com qualquer pessoa ou empresa sobre qualquer assunto ilícito”.
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