Sabe
qual o segredo da Islândia para ter surpreendido na última Euro e se
classificado para a próxima Copa do Mundo? O segredo é que não há
segredo. A definição é do treinador da equipe, Heimir Hallgrimsson. Para
ele, a estrutura e a forma de treinar mudaram no país, mas o que também
mudou foi como o futebol se tornou uma ferramenta para uma juventude
mais saudável e feliz.
A comunidade islandesa decidiu investir
mais no futebol ao perceber que isso traria ganhos além do esporte. Os
pais das crianças também abraçaram a ideia e aceitam pagar entre 200 e
400 euros por ano para seus filhos treinarem futebol.
Afinal, o
país tem um inverno rigoroso, com a média de temperatura máxima ficando
abaixo dos 10ºC de outubro a abril. Com tanto frio e poucas horas de luz
natural por dia, além das tentações tecnológicas, fazer as crianças se
exercitarem é um investimento valioso.
“No inverno, fica escuro
por muito tempo na Islândia. E se você faz esporte, sente-se melhor e
fica mais animado para a vida”, argumentou Hallgrimsson, em palestra
dada na federação escocesa de futebol.
“Todos os anos fazemos uma
pesquisa com todas as crianças na escola. E vemos uma clara relação
entre as crianças que praticam esportes e têm as melhores notas. Além
disso, elas ficam menos suscetíveis a drogas e álcool e são mais
confiantes. Por isso, o valor do esporte na Islândia é muito grande”,
emendou.
A valorização também tem consequências positivas entre os
treinadores. Afinal, como a remuneração é boa, ensinar futebol para
jovens é visto como uma atividade rentável até para quem a encara como
um trabalho de meio período.
“Por isso a qualidade dos treinadores
é alta. Os pais pagam para os filhos treinarem e esse dinheiro vai para
os técnicos. E essa é vista como uma boa profissão”, opinou
Hallgrimsson, lembrando que mais de 80% dos técnicos do país têm as
licenças A ou B da Uefa.
Outro fator fundamental para que tal
engrenagem funcione é a infraestrutura. Em 2002, a Islândia tinha só um
campo indoor, cinco campos de grama artificial e sete campos menores. Em
2015, esses números já haviam saltado para sete campos indoor, 23 com
grama sintética e mais de 130 campos menores, no tamanho de quadras.
“Não
há um grande segredo ou um manual [para nossa evolução], mas muitas
coisas que foram feitas. Existe uma explicação para tudo. Quando você
analisa isso, tudo faz sentido. Muitas coisas estão mudando e a forma
como vivemos hoje é diferente, então tentamos nos ajudar a isso”,
completou Hallgrimsson, que atuava só como dentista até pouco tempo
atrás e agora conduziu a Islândia a uma vaga histórica na Copa do Mundo.
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