DCM
Ao contrário do que tentam transmitir em seus comentários analistas
políticos da Rede Globo e da mídia impressa golpista, a mega-pesquisa
Datafolha divulgada na madrugada desta quarta-feira (22) evidencia a
consolidação da possibilidade de transferência de votos do ex-presidente
Luiz Inácio Lula da Silva para o ex-prefeito Fernando Haddad, caso Lula
seja impedido e o candidato a vice venha ocupar o seu lugar na chapa do
PT, junto com Manuela D’Ávila, do PCdoB.
Como candidato a vice, Haddad já aparece na pesquisa com 4% das
intenções de voto, ao lado do presidenciável Álvaro Dias (Podemos), que
segundo o levantamento vence Geraldo Alckmin (PSDB-Centrão) na região
Sul. Seu potencial de crescimento foi confirmado por 49% dos
entrevistados, dos quais 31% afirmaram que votariam em um candidato
indicado por Lula enquanto outros 18% admitiram essa possibilidade.
Mesmo sem Lula, o Datafolha confirma o PT no segundo turno.
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Outro dado que está escapando a esses analistas é o índice
popularidade/rejeição dos candidatos apurado na pesquisa. De acordo com o
Datafolha, a menor relação é a de Lula, conhecido por 99% enquanto é
rejeitado por apenas 34%, abaixo ainda das suas intenções de voto. Jair
Bolsonaro é conhecido por 79%, mas sua rejeição é de 39%, o dobro das
suas intenções de voto.
Já Haddad é conhecido por 59% dos eleitores e sua rejeição é baixa,
de apenas 21%, o que potencializa o seu crescimento. No campo do centro,
93% dos eleitores conhecem Marina, e 25% a rejeitam, enquanto Alckmin é
conhecido por 88% das pessoas ouvidas na pesquisa mas 26% declararam
que não votariam no tucano em nenhuma hipótese.
“Espólio”
Os analistas também exploram de forma equivocada um tal “espólio” dos
votos de Lula, como se o ex-presidente estivesse morto e sem condições
de manifestar apoio ao candidato da sua preferência e confiança. Eles se
valem do fato de Marina Silva (Rede) e Ciro Gomes (PDT) dobrarem suas
intenções de voto quando o Datafolha exclui Lula e considera apenas Jair
Bolsonaro (PSL) como o líder da pesquisa.
A análise enganosa faz parte da estratégia de aproximar Marina de
Bolsonaro, diante do fiasco da candidatura de Geraldo Alckmin. A
ex-ministra de Lula, que já renegou suas origens petistas tanto quanto
os filhos de Roberto Marinho renegam o apoio das Organizações Globo à
ditadura, é a opção da direita ao brucutu representado por Bolsonaro,
particularmente no campo da economia.
No cenário sem Lula, onde Bolsonaro atinge 22% dos votos, o Datafolha
joga Marina para o segundo lugar, mas ameaçando-o com seus 16%. Como a
margem de erro da pesquisa é de dois pontos percentuais, para cima ou
para baixo, Bolsonaro pode estar com 24% e Marina com 14% , mas numa
possibilidade mais otimista para os analistas a ex-seringueira pode
estar também com 18% e o ex-capitão com 20%. Ou seja, estariam separados
apenas pela margem de erro da pesquisa.
Outra confusão que os analistas da Rede Globo e dos jornalões estão
tentando fazer junto ao eleitor é creditar a Lula o crescimento de
Bolsonaro, a quem estaria “empurrando” para o segundo turno e assim
evitar um confronto com Alckmin. Na verdade, a derrocada de Alckmin vem
da sua incompetência administrativa em São Paulo, onde denúncias de
corrupção vão de superfaturamentos de obras públicas à merenda escolar, e
de ineficiência da educação à segurança, além, é claro, da sua
candidatura se identificar e representar a continuação do governo Temer.
Diante desse quadro, Lula e o PT, que podem estar marchando para sua
quinta vitória em todas as eleições presidenciais disputadas neste
século, as quatro anteriores sobre o PSDB – duas sobre José Serra (2002 e
2010), uma sobre o próprio Alckmin (2006), e a última sobre Aécio Neves
(2014) – pouco teriam a temer dos tucanos, se considerado pelo menos
esse saldo histórico de vitórias.
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