No último fim de semana,
participei do Seminário sobre Comunicação e Mídias Livres, realizado em São
Luís sob a coordenação do site Maranhão da Gente. Aprendi muito com as
experiências enriquecedoras ali compartilhadas. O professor Chico Gonçalves,
secretário de Cultura de São Luís, foi um dos participantes e deu uma aula a
todos que puderam estar presentes ou assistir pela internet. Lembrou que o
quadro de domínio oligárquico que vivemos em nosso estado asfixia a política e
a economia, mas, principalmente, as perspectivas de vida de milhões de
maranhenses.
No campo político, não há
espaços de participação real abertos nas estruturas da máquina pública, em que
os maranhenses possam se inserir para tomar decisões sobre o rumo do nosso
estado. No campo econômico, a crônica ausência de investimentos públicos em
atividades que gerem renda para os mais pobres atravanca o desenvolvimento de
nosso estado. A propósito, na última semana, o grupo que controla o governo
tentou comemorar nossa melhora de último para penúltimo lugar no índice
nacional de PIB per capta (riqueza por pessoa). Seria cômico, não fosse
trágico, ter de comemorar que o maranhense está R$ 17 "mais rico" do
que o último colocado.
Nesse ambiente cheio de
vícios, quem mais sofre são os jovens maranhenses, que se veem sem perspectivas
reais de desenvolvimento de suas carreiras profissionais e de concretização de
suas ideias. Com a política fechada no mesmo grupo, que tudo quer dominar e a
economia amarrada, milhares de jovens maranhenses ficam sem perspectivas de
desenvolvimento pessoal.
Há sempre os que tentam
“normalizar” o caos. Afirmar que a situação é essa mesma, “sempre foi assim” e
que não haveria solução. É a “retórica da perversidade”, como bem explicou o
professor Chico Gonçalves durante o seminário. No Maranhão, emana do chefe da
oligarquia o espantoso esforço de disseminar falsos argumentos e versões
fantasiosas da história, com o único objetivo de justificar o absurdo mando de
50 anos, ao custo da pobreza do nosso povo.
Penso que, nesse cenário,
a tecnologia tem um potencial libertador, na medida em que cria o contraponto
para que o jovem se posicione e possa expressar sua visão de mundo. Já tem sido
assim em tantas cidades do nosso Maranhão, em que centenas de blogueiros vêm
criando espaços de contestação aos poderes dominantes. Infelizmente, sofrem
constantemente a perseguição dos que se julgam donos do poder.
Por isso, a ação do
governo estadual é decisiva. Em primeiro lugar, não perseguindo jornalistas,
radialistas, blogueiros - banindo a lamentável censura instalada oficialmente
pela Secretaria de Comunicação do Estado. Em segundo lugar, democratizando a
aplicação de verbas de publicidade do governo estadual, que hoje atendem de
forma desproporcional à empresa da mesma família que controla o governo do
Maranhão, num caso vergonhoso de patrimonialismo. E, por fim, aumentando o
acesso da população maranhense à internet, já que o acesso à rede mundial de
computadores passou a ser um direito básico de acesso à informação.
Ao criar esse novo
ambiente digital, com acesso amplo e liberdade de expressão, poderemos investir
em ações que deem poder real de decisão aos cidadãos. É o caso da experiência
que nos foi relatada durante o seminário por Fabrício Solagna, do Gabinete
Digital do Governo do Rio Grande do Sul. Assim que tomou posse, o governador
Tarso Genro montou uma equipe, em seu gabinete, para dialogar com a população
por meio da internet. Com a ferramenta, os cidadãos gaúchos podem fazer
perguntas que são respondidas diretamente pelo governador.
Mas não foi só o canal de
comunicação governante-população que foi facilitado. O Gabinete Digital
propiciou formas amplas de participação, como a maior consulta pública já
realizada, sobre a política de pedágios no Rio Grande do Sul. Os cidadãos
puderam dar sua opinião pela internet a respeito de um tema importante para o
estado, contribuindo para encontrar a melhor solução.
A utilização intensiva da
tecnologia é um caminho essencial para a democratização do conhecimento, da
riqueza e do poder - tarefas republicanas que sucederão à derrota eleitoral
desse sistema perverso que escraviza o Maranhão. A internet facilita o acesso
ao conhecimento disponível e, se os governos inventarem formas criativas como o
Gabinete Digital, permite que também facilite o acesso às instâncias de decisão
e amplie os processos de participação popular. Assim, poderemos construir um
Maranhão de todos nós, em que todos possamos decidir juntos, num regime de
liberdade, diálogo e igualdade.
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