
Para a Folha, há indícios de
uma ação orquestrada com tentativa de constranger a liberdade de
imprensa. De acordo com o jornal, Patrícia, que é autora da reportagem,
recebeu centenas de mensagens nas redes sociais das quais participa e
por e-mail. Outros dois repórteres que colaboraram para a reportagem
foram vítimas de mensagens difamatórias.
Apenas entre sexta-feira (19) e essa
terça (23), um dos números de WhatsApp mantidos pelo jornal recebeu mais
de 220 mil mensagens de cerca de 50 mil contas do aplicativo. O
candidato a presidente do PSL, alvo da reportagem, também fez ameaça à
Folha. “A Folha de S.Paulo é a maior fake news do Brasil. Vocês não terão mais verba publicitária do governo. Imprensa vendida, meus pêsames”, atacou.
A matéria da Folha diz que
empresários ligados a Bolsonaro contrataram empresas para disparar, de
maneira ilegal, mensagens com ataques contra o PT. A prática, se
comprovada, configura crime.
Para o diretor do escritório da ONG
Repórteres Sem Fronteiras na América Latina, Emmanuel Colombié, “os
ataques do candidato Jair Bolsonaro e de seus apoiadores contra o
jornal Folha de S.Paulo são inaceitáveis e indignos de um
partido que pretende governar o país”. O Comitê para a Proteção dos
Jornalistas também se manifestou pedindo às autoridades brasileiras que
garantam segurança aos dois profissionais.
WhatsApp hackeado
Segundo a Folha, o WhatsApp de
Patrícia foi hackeado. Parte das mensagens mais recentes dela foi
apagada e mensagens pró-Bolsonaro foram disparadas para alguns dos
contatos da agenda telefônica da jornalista.
Patrícia também recebeu duas ligações
telefônicas de número desconhecido nas quais uma voz masculina a
ameaçou. Em grupos de apoio ao presidenciável do PSL foram distribuídas
mensagens convocando eleitores do capitão reformado para confrontar
Patrícia no endereço onde aconteceria um evento que seria moderado por
ela, na próxima segunda-feira (29), um dia após a eleição.
Além de Patrícia, outros dois repórteres
que colaboraram para a reportagem, Wálter Nunes e Joana Cunha, também
foram alvo de um meme falso. O outro profissional que entrou na mira de
apoiadores de Bolsonaro foi o diretor-executivo do Datafolha, Mauro
Paulino, que foi alvo de ameaças, no seu Messenger e em sua casa.
Ainda foram disseminadas nas redes
sociais uma mensagem com conversa fictícia entre Patrícia e o
coordenador da campanha de Haddad, José Sergio Gabrielli, pela qual ele
teria encomendado a reportagem, e uma foto com uma mulher desconhecida
abraçada a Haddad, como se fosse a jornalista.
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