Por Ricardo Cappelli
A
confirmação das candidaturas de Roseana e Zequinha Sarney, ao governo e
ao senado respectivamente, confere contornos históricos à batalha
eleitoral no Maranhão em 2018.
Quando
José Sarney governou o estado a maioria dos que me leem agora sequer
havia nascido. Governador de 1966 a 1971, senador pela ARENA de 1971 a
1985, assumiu seu primeiro mandato de deputado federal em 1955. É o
político mais antigo em atividade. Em 1985 foi vice de Tancredo Neves no
colégio eleitoral. Com a morte do mineiro antes da posse, se tornou
Presidente da República. Em 1990 transferiu seu domicílio eleitoral para
o Amapá, sendo eleito e reeleito senador por três vezes consecutivas.
Ao longo destes 24 anos presidiu o Senado quatro vezes.
Desde o
fim da ditadura todos os governadores foram do grupo de Sarney, com
apenas uma exceção. Sua única derrota foi para o grande líder
trabalhista Jackson Lago, cassado pela justiça eleitoral que deu posse
“no tapetão” à Roseana. Jackson ganhou a eleição com o apoio do então
governador José Reinaldo, que rompeu com Sarney no meio de seu mandato. A
representante do clã governou o estado quatro vezes. De 1966 até a
derrota para Flávio Dino em 2014 foram quase cinco décadas de domínio.
Presidente da República, do Senado Federal, quase meio século governando
o Maranhão. O que produziu tamanho poder para seu povo?
O
Maranhão em 2014 possuía o penúltimo Índice de Desenvolvimento Humano do
país, com o analfabetismo assolando 19% da população. Em pleno século
XXI, o estado contava ainda com cerca de mil escolas de taipa, casebres
de barro e palha. Dos 100 municípios mais pobres do Brasil, 30 são
maranhenses. A estimativa é que nos dois últimos anos do governo Roseana
a renúncia fiscal tenha alcançado 1,5 bilhão de reais, mais de 10% de
todo o orçamento do estado. Os benefícios eram concedidos “pela corte”
por ofício, como quem dá um título de nobreza aos amigos.
Este
cenário fez com que o juiz federal por 12 anos, ex-presidente da
Associação Nacional de Juízes Federais-AJUFE, abandonasse a magistratura
para entrar na política. Eleito Deputado Federal em 2006, Flávio Dino
se destacou no Congresso e disputou sua primeira eleição para o governo
do estado em 2010. Roseana acabou eleita no primeiro turno com 50,08%
dos votos. O Maranhão foi o único estado da federação onde muitos votos
continuaram a cair após as 17 horas, horário em que, em tese, as
eleições são encerradas.
Em
2014, liderando uma ampla frente política de caráter anti-oligárquico,
Flávio Dino fez história ganhando as eleições no primeiro turno com mais
de 60% dos votos. Pela primeira vez um candidato de oposição conquistou
o Palácio dos Leões. “Queridos Leões, bem vindos à democracia!”,
discursou para a multidão que acompanhou sua posse.
Em
pouco mais de dois anos de mandato o Maranhão deixou o último lugar no
ranking nacional de transparência governamental para ocupar a primeira
posição. Com o programa Escola Digna, escolas de taipa começaram a ser
substituídas por escolas de alvenaria. Através da parceria com o MST o
programa “Sim, Eu Posso” passou a enfrentar o analfabetismo. Uma rede de
escolas técnicas estaduais foi inaugurada, os IEMAS, e escolas de
horário integral passaram a ser realidade. O programa Mais IDH
concentrou políticas públicas nos 30 municípios mais pobres, trazendo da
invisibilidade os que mais precisam. O Maranhão passou a ser referência
nacional de boa gestão em índice divulgado pelo Tesouro Nacional.
Ampliou investimentos púbicos. Atraiu uma nova leva de investimentos
privados. Combateu à corrupção e o desperdício. E o mais importante:
reconstruiu o conceito de “res publica” enfrentando a cultura
oligárquica do atraso.
Com
mais de 60% de aprovação popular, Flávio Dino liderará em 2018 uma ampla
frente partidária pela continuidade das mudanças. A oligarquia, dona da
retransmissora da Globo, usa e abusa de manipulações e mentiras
utilizando seu canhão global. Com os dois filhos do patriarca na
disputa, será uma batalha de vida ou morte. Teremos o enfrentamento
entre dois Brasis. Entre o passado e o futuro. Derrotar novamente a
simbiose entre Raimundo Faoro e Jessé de Souza, a representação de um
poder que escravizou seu povo e saqueou suas riquezas a partir do
domínio da máquina estatal é a tarefa histórica dos democratas
brasileiros.
Será
importante criar uma ampla rede de mobilização e apoio. O resultado da
batalha maranhense terá impacto direto na vida nacional. Oportunidade
única de consolidar a alforria de um povo trabalhador, valoroso e
sofrido, e de livrar o país dos tentáculos da oligarquia mais antiga em
atividade. Será a hora do bom combate pela aurora de um novo tempo.
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