A
instalação da Empresa Maranhense de Serviços Hospitalares (EMSERH), atualmente
a maior companhia pública do estado, reduziu a participação das Organizações
Sociais, cuja nefasta e inadequada utilização indicou o caminho para a
corrupção.
Hoje,
a empresa pública é responsável pelo gerenciamento de 70% das unidades de saúde
da rede estadual.
Uma
nova governança
Por Carlos Lula
Advogado e Secretário de Estado da Saúde do Maranhão
Quando mais jovem, adorava olhar
seriados americanos nos quais os peritos tentavam desvendar um crime,
geralmente assassinato. Entre idas e vindas, acabava-se por descobrir o
assassino, usualmente alguém de quem não desconfiávamos no início. Foi olhando esses
enlatados que descobri uma técnica chamada quimiluminescência. Ela consiste no
uso do luminol, e é usada na ciência forense para identificar rastros de sangue
durante uma investigação criminal.
O curioso desse produto é que ele é
capaz de revelar o que não é visível a olho nu. O enlatado americano advertia:
o mais limpo dos ambientes pode esconder a evidência de um crime brutal. No
Maranhão, desde 2015, uma técnica semelhante recebe outro nome: transparência.
Progressivamente, mas sem negar seus próprios equívocos, a ação firme do
Governo do Estado termina por expor quanto crescimento foi negado aos
maranhenses em razão de uma cultura política que objetivava apenas abarrotar os
bolsos de poucos. A triste sina do uso privado dos bens públicos é talvez a
maior marca e o maior problema de nosso estado.
Havia urgência, portanto, na conversão
do modo de funcionamento da máquina pública: era preciso implantar um padrão
republicano de gestão. No lugar de poucos, a coisa pública deveria servir a
todos. Nesse sentido, foram criados instrumentos que permitiram o
fortalecimento dos mecanismos de governança e de controle dos gastos públicos.
Isso porque há a firme convicção de que a promoção da transparência pública não
é apenas um remédio caro para se tentar evitar a corrupção, mas um mecanismo
fundamental para permitir que as decisões governamentais sejam tomadas de
maneira mais eficiente. Ao mesmo tempo, não temos a ingenuidade de acreditar
que um modo arraigado de fazer política mude do dia para a noite.
De toda sorte, foram tomadas uma série
de posturas para impedir e evitar ações criminosas no uso dos recursos e dos
equipamentos públicos. No âmbito da saúde, a adoção de novas medidas contribuiu
para aumento da eficiência do serviço. A instalação da Empresa Maranhense de
Serviços Hospitalares (EMSERH), atualmente a maior companhia pública do estado,
reduziu a participação das Organizações Sociais, cuja nefasta e inadequada
utilização indicou o caminho para a corrupção. Hoje, a empresa pública é
responsável pelo gerenciamento de 70% das unidades de saúde da rede estadual.
A criação da EMSERH resultou, também, em
processos seletivos que já convocaram 5.149 candidatos aprovados. A medida de
contratação, através de processo seletivo, foi estendida aos empregados das
Organizações Sociais (OS). Recentemente, outra importante ação adotada no
governo Flávio Dino foi a sanção da lei que permitirá a realização de concurso
para mil vagas na área da saúde. Antes disso, por mais de 20 anos, as admissões
neste segmento ocorreram através de apadrinhamentos e ‘quem indica’. Um modelo
injusto, que não admitia a meritocracia e afastava os mais capacitados.
A Secretaria de Saúde também lançou
seletivo público para contratação de auditores em saúde, que já está na segunda
etapa. Os novos servidores integrarão os mecanismos de controle preventivo
sobre os investimentos públicos aplicados na pasta e ampliarão o controle
interno, praticamente inexistente poucos anos atrás. Ou seja, foram adotadas
medidas que permitem vislumbrar uma administração imparcial, zelosa com a coisa
pública e ciente dos procedimentos legais.
Mas assim como nos seriados americanos e
na técnica da quimiluminescência, os delitos cometidos anteriormente, por
vezes, aparecem de sobressalto para tornar visível o local do expurgo. Como bem
enfatizou o âncora do jornal Bom Dia Brasil, Chico Pinheiro, sobre a quinta
fase da Operação Sermão aos Peixes – “é uma luta desmontar esses esquemas, que
foram montados durante anos e anos de corrupção”.
Três anos de gestão já dão provas do
novo tempo de desenvolvimento para o nosso estado. Vestígios do passado estão
aí todos os dias, a lembrar que toda a estrutura administrativa precisa ser
limpa diariamente.
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