O delegado da Polícia Federal Wedson
Cajé Lopes, chefe da Delegacia de Repressão a Corrupção e Crimes
Financeiros da PF, se equivocou durante entrevista coletiva acerca da
operação “Pegadores”, que investiga o desvio de mais de R$ 18 milhões na
estrutura da Secretaria de Estado da Saúde (SES) do Maranhão.
Wedson afirmou que uma “sorveteria”
teria se transformado da noite para o dia, em fevereiro de 2015, numa
empresa prestadora de serviços de saúde para o Estado. Dai em diante,
todo mundo tá vendo manchetes como “sorveteria faturou mais de 1 milhão
na Saúde do Maranhão”.
Ou seja, o delegado proveu o argumento
para que a superficialidade jornalística, alimentada pelo erro ou
mentira, desse lugar à canalhice de uma imprensa motivada por questões
políticas para distorcer fatos verdadeiros que poderiam ter sido
desvendados tanto pela PF quanto pela boa prática jornalística, como
mostraremos a seguir.
Primeiro é importante salientar aos
leitores que é prática comum (e completamente legal) que empresas mudem
de ramo e continuem com o mesmo CNPJ, as razões são diversas e não cabem
ser discutidas aqui. Para tanto, fazem alterações em seus Contratos
Sociais, tudo registrado nos órgãos competentes.
Vejam bem, dissemos que tudo fica
registrado. Mas não só isso, fica à disposição da Polícia, do Jornalista
e de qualquer cidadão. Sendo assim, este blog mostra abaixo documento
registrado na Junta Comercial do Maranhão – JUCEMA que mostra a
alteração contratual da tal sorveteria, que deixou de ser sorveteria em
04 de outubro de 2013, não em fevereiro de 2015. Se prestou algum
serviço para a Saúde do estado enquanto era sorveteria, foi então em
período anterior à outubro de 2013.
Depois disso, a mesma empresa passou por
outra alteração contratual, até se tornar empresa de serviços médicos
hospitalares e ser contratada, não pelo governo através da Secretaria de
Saúde, mas sim por uma das empresas prestadoras de serviços para o
Estado, numa espécie de quarteirização. Aliás, esse é outro assunto
tratado de forma distorcida que logo abordaremos em outro texto. Mas
sigamos.
A informação passada pelo delegado
Wedson Cajé Lopes não condiz com o que está registrado na JUCEMA no que
diz respeito à “mudança da noite pro dia” de uma sorveteria em empresa
de serviços de saúde.
Há que se considerar duas hipóteses: ou o
delegado da Polícia Federal errou ou, então, mentiu. Se errou, coloca
em dúvida sua capacidade de comandar uma investigação de tamanha envergadura e de grande importância para o combate à corrupção no
Maranhão seja em que governo for.
Se deixou passar um erro ligado a uma
coisa tão simples que é verificar o Contrato Social de uma empresa e
suas alterações – algo que qualquer cidadão pode requerer na Junta
Comercial – o que mais teria deixado passar? O que mais teria ficado sem
a devida checagem? Que outra informação dada está errada?
Na segunda hipótese, a de ter mentido
deliberadamente sobre tal informação, nem cabe qualquer tipo de
argumento, pois estaríamos tratando de algo muito mais grave, que seria a
intenção de gerar graves danos de imagem e credibilidade à parte
envolvida na investigação, coisa que este blog se nega a acreditar que
possa ter acontecido.
Logo, se errou, o delegado precisa vir a
público para corrigir o erro e passar a informação correta; no entanto,
se mentiu, deixará que a informação errada circule, e acabará por
confirmar a segunda hipótese aqui ventilada.
Se o delegado quiser, este blog
disponibiliza para a Polícia Federal o documento completo com as
alterações contratuais da tal sorveteria. Até porque apoiamos o trabalho
da Polícia Federal, especialmente no combate à praga da corrupção em
nosso país, mas desejamos, acima de tudo, que seja feito com esmero e
livre de máculas que possam por em dúvida esse trabalho, principalmente
contaminação política.
Por: Jeisael Marx
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