
Os britânicos ficaram famosos pelo cumprimento rigoroso
de horário. Argentinos ficaram conhecidos pelo orgulho de serem o que não são.
Franceses, pela secura com que tratam os povos “menores” do mundo todo. E os
brasileiros são conhecidos mundo afora pela preguiça e expertise, versão light
de desonestidade. Se cada povo faz jus à fama ou não, impossível se saber, mas
sobre nós é possível destacar alguns pontos.
Existe a preguiça de fato, de ação, mas ela parece ser
mais reflexiva e antecedida de uma descomunal preguiça mental.
Nossa primeira manifestação de preguiça está na
quantidade de jovens grávidas por conta da preguiça de se prevenir, de usar os
métodos contraceptivos. E aí a incidência maior está nas camadas sociais mais
baixas mesmo. Em qualquer reportagem sobre incêndios, violência, desapropriação
de terrenos em comunidades é inevitável a presença de muitas, mas muitas
crianças. E a causa de fundo é a preguiça de se precaver, mulheres e homens,
sem se importarem com as consequências graves que vêm depois.
Outra demonstração clara de apatia aparece nos sorrisos
cobertos com mãos-bobas para não expor a falta dos dentes. O desânimo da
criança foi antecedido pelo dos pais, que não cobraram nem ensinaram a fazer a
escovação correta e que ela é necessária para evitar cáries e outras
complicações, além de esteticamente mais agradável. O cuidado bucal evita
até a dor de dente aguda.
Procurem saber dentre os familiares mais próximos quantos
levam as crianças ao dentista, quem exige que usem fio dental e escovem os
dentes após as principais refeições.
Mas, sem descer a detalhes por falta de espaço, esse
desânimo leva a todo tipo de descuido. Na casa do brasileiro todo utensílio
falta um pedaço ou está quebrado. Vale desde as dobradiças dos móveis, passa
por paredes riscadas, sofás emendados, pratos, xícaras e tudo o mais com
pedaços arrancados. Quem tem chuveiro a gás não reaproveita a água porque falta
coragem de colocar um balde enquanto a água esquenta.
E sai do campo individual e atinge à coletividade. A rua
é carente de árvore porque falta disposição para plantar uma na frente da casa.
Também se expande para todas as áreas. Mesmo pessoas
pós-graduadas escrevem errado nas redes sociais pela indolência de não olhar a
palavra certa acima, no mesmo “post”.
Nas competições esportivas internacionais os nossos
resultados são pífios. Jogamos sempre por entretenimento, por brincadeira. Não
se treina para valer, nem se aprimora e não se tem compromisso com a busca dos
resultados. Nesse ponto, a demonstração é que surge um atleta de ponta sempre
como exceção. Gustavo Kuerten, Cesar Cielo, Fabiana Murer são exemplos... No
próximo texto abordarei outros sintomas da preguiça.
Pedro Cardoso da Costa – Interlagos/SP
Bacharel em direito
Pedro Cardoso da Costa é colaborador do blog Barradocordanews.com
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