19 abril, 2017

No dia do Índio: Indígena que limpava banheiros para manter estudos passa em dois cursos na federal

Indígena foi aprovado em dois cursos na UFT (Foto: Arquivo Pessoal)
Um jovem indígena de 21 anos pôde escolher o que estudar após passar em dois cursos na Universidade Federal do Tocantins (UFT). João Paulo Hakuwi Kuady é da etnia Karajá, do Mato Grosso, e viveu uma história de superação, pois as aprovações nos cursos superiores são frutos de muito esforço e dedicação. Durante a preparação para os vestibulares, ele limpava banheiros para manter os estudos após ganhar bolsa parcial em uma escola particular.

Aprovado nos cursos de jornalismo e relações internacionais, através do sistema de cotas, Mairu fala sobre as dificuldades enfrentadas antes e depois de ingressar na universidade. "As pessoas imaginam que é fácil, mas não entendem que competimos de acordo com a dificuldade e diferenças particulares de cada povo. Nós aprendemos primeiro as nossas línguas maternas e só depois o português que é muito difícil", explica.

Ele optou por cursar relações internacionais. O rapaz conta que sempre teve o apoio da família. A avó que dizia que ele deveria estudar 'como o homem branco'. "A sociedade nos limita muito, achando que não podemos ir além dos cursos tradicionais. Sou único indígena do curso na UFT e espero que outros também possam ingressar", conta. Além de estudar, o jovem também é convidado com frequência para compor mesas e dar palestras sobre a cultura dos povos indígenas e as organizações sociais.
 
Mairu não é o único da etnia a passar na faculdade. Além dele, mais cinco indígenas da família também fazem curso superior em universidades de diferentes estados brasileiros. Entre os cursos estão direito, nutrição e medicina.
João Paulo Hakuwi Kuady (c) ao lado da família (Foto: Arquivo Pessoal)
 João Paulo Hakuwi Kuady (c) ao lado da família (Foto: Arquivo Pessoal)
       
G1 TO

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