Estudantes, professores e cientistas de
ponta, como o neurocientista Miguel Nicolelis, lamentaram o fim do programa
Ciência Sem Fronteiras, decretado pelo governo Michel Temer (PMDB) no último
domingo (2). Enquanto a gestão Temer caminha na contramão do desenvolvimento
democrático da ciência ao encerrar uma iniciativa que beneficiou mais de 70 mil
estudantes de graduação, no Maranhão, o governador Flávio Dino (PCdoB),
anunciou via redes sociais o embarque de mais 70 alunos oriundos de escolas
públicas para intercâmbio no exterior por meio do programa Cidadão do Mundo,
que já está em sua 2ª edição.
Nesta edição do Cidadão do Mundo
participarão jovens de 17 municípios maranhenses. Os selecionados irão embarcar
no próximo sábado (8) para intercâmbio internacional na Argentina e no Canadá,
com todas as despesas pagas pelo governo do Maranhão, onde, segundo o governo,
passarão três meses aprendendo o idioma local e fortalecendo vínculos
culturais.
Programas de intercâmbio como o Ciência
sem Fronteiras beneficiaram essencialmente estudantes mais pobres. Criado
durante o governo da então presidente Dilma Rousseff (PT), cerca de 25% dos
intercambistas do programa eram de famílias com renda mensal de até três
salários mínimos e 90% estudavam em escolas públicas.
O Ciência sem Fronteiras representava
ainda um importante passo no sentido de avançar as fronteiras em ciência,
tecnologia e informação no Brasil. Países como a Coreia do Sul, China e Índia
conseguiram, a partir da promoção de intercâmbios acadêmicos, alavancarem suas
economias. Outro bom exemplo é o Programa Erasmus, que há três décadas promove
intercâmbio profissional para graduandos entre universidades europeias.
Segundo o governador Flávio Dino, o
Cidadão do Mundo é essencial para dar oportunidades e igualdades de chances os
estudantes maranhenses, e está entre os programas que tem como objetivo
garantir a valorização da atividade educacional no Maranhão.
Para ele, o desenvolvimento da educação
é um “consenso retórico”, muitas vezes lembrado apenas durante as campanhas
eleitorais e geralmente esquecido pelos governantes eleitos.
Flávio Dino acredita que educação é um
investimento de longo prazo e que rompe com a política de modo tradicional.
“Você não inaugura as pessoas. E às vezes os Governos são medidos por isso
[inaugurações]. Nós estamos construindo muitas obras físicas, escolas,
hospitais, estradas, mas nós temos muito mais orgulho nas obras que mudam as
pessoas”, pontuou o governador durante a cerimônia de pré-embarque dos alunos.
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