Os jornalistas costumam reclamar da obrigação de escrever, sobretudo quando, por vezes, não têm um assunto - ou inspiração, para aquele momento. Se para os profissionais existe essa dificuldade, imagine-se para os pobres mortais.
Mas a dificuldade maior
para as pessoas comuns seria escrever sobre problemas do cotidiano do
brasileiro pelo desgaste da repetição, pois esses problemas são eternamente
insolúveis. Tudo que se escreve hoje é muito idêntico ao que foi escrito há
décadas e séculos. Fazer o quê! Secar gelo é preciso.
Escrevi há uns 15 anos que
as autoridades permitiam o crescimento da violência a patamares estratosféricos
e quando reduzissem qualquer coisa se vangloriariam pelo sucesso, sem levar em
conta os percentuais de quanto deixaram aumentar e em quanto diminuíram. Faz
parte da nossa cultura essa linguagem política completamente dissociada da
realidade.
Mas a mania de tutelar em
demasia o cidadão se torna mais grave do que camuflar ou distorcer resultados.
Como não resolvem os problemas, as autoridades se acostumaram a inventar
“proteções” descabidas aos cidadãos.
Essa tutela sufocante
começou com o fechamento dos acessos aos viadutos sob a alegação de segurança,
mas o verdadeiro motivo era evitar moradores de rua. Depois se alastrou às
praças e aos parques públicos, generalizando-se.
Agora estão sendo
colocadas cercas de proteção, verdadeiros gradis, no centro da cidade próximo
aos pontos de grande circulação de pessoas, mesmo em calçadas e ruas sem
maiores riscos.
As medidas de segurança
que interferem na liberdade do indivíduo devem ir até o limite do bom senso. Se
levadas ao pé da letra, ou seja, de modo literal, deveriam ser estendidas às
empresas da construção civil, que só poderiam entregar apartamentos com grades
nas portas, janelas e sacadas, a fim de evitar suicídios.
Do mesmo modo, os
automóveis só poderiam ser entregues se fossem totalmente blindados e se as
portas tivessem vidros que travassem após velocidades mais altas para evitar
que alguém fosse arremessado ou saltasse em altas velocidades. Sobre os carros,
quando proibiram os sinais de celular nas proximidades dos presídios para
evitar a utilização pelos detentos, cheguei a ironizar que não deveriam ser
fabricados nem comercializados no Oriente Médio para evitar os atentados à
bomba, tão comuns naquela região.
Então, senhores prefeitos,
sem exageros com essas cercas de proteção. Os cidadãos têm de ser
responsabilizados pelas consequências dos seus atos individuais, mas eles são
os principais responsáveis por cuidar de suas próprias vidas. Menos cercas,
mais orientação correta.
Pedro Cardoso
da Costa – Interlagos/SP
Bacharel em direito
Pedro Cardoso da Costa é colaborador do blog Barradocordanews.com
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