A ideia de colocar mãe e bebê juntos, na UTI, foi de uma enfermeira
É comprovado a importância do contato pele a pele entre mãe e bebê para
o vínculo entre ambos. Nesta quinta-feira (04/10), mais um um caso
veio à tona, que deixou até mesmo os próprios médicos e especialistas
emocionados: uma mulher de Fortaleza, no Ceará, saiu do coma induzido após sentir o toque da pele do recém-nascido pela primeira vez.
O fato aconteceu na Maternidade-Escola Assis Chateuabriand
(Meac-UFC), onde Amanda Cristina Alves da Silva, de 28 anos, não
apresentava estímulos sensoriais e auditivos ou movimentos desde o dia
do parto, mas ao ser colocada junto ao bebê reagiu no mesmo momento,
começando a chorar.
Uma semana depois, contrariando todas as expectativas ela recebeu
alta da UTI, Amanda conversou com alguns dos especialistas que a
atenderam no hospital para saber mais sobre essa emocionante história.
A instituição fica na capital cearense, para onde Amanda foi levada
após uma crise intensa de convulsão, problema que enfrenta desde os 7
anos de idade. Como estava com quase 37 semanas de gestação, os médicos
responsáveis optaram por mantê-la sedada e fazer uma cesárea de
emergência, a fim de garantir a segurança de mãe e filho.
O bebê, Vitor Hugo, foi encaminhado à UTI neonatal, onde ficou por
seis dias, enquanto a mãe seguiu para o pós-operatório na UTI
obstétrica. “Uma semana após a internação, começamos a retirar o
remédio que a mantinha dormindo, porém, ela não respondeu como
esperávamos. Só conseguimos desligar a sedação nove dias após sua
entrada no hospital. Apesar de todos os exames atestarem que ela tinha
boa resposta neurológica, ela não se movimentava, só mexia os olhos”, contou a enfermeira Fabíola Nunes de Sá.
Última esperança
A equipe médica já havia tentado diversos recursos para fazer com que
Amanda reagisse, todos sem sucesso. Foi quando cogitaram enviar a
paciente para uma outra unidade de saúde, já que não saberiam por quanto
ela permaneceria naquele estado.
Nesse momento, a enfermeira Fabíola sugeriu o que seria um último
recurso: colocar mãe e filho juntos. Apesar da estranheza, devido a
paciente estar na UTI, a equipe analisou junto ao infectologista da
unidade quais seriam os riscos para o bebê e chegaram à conclusão de que
a ideia poderia ser realmente apropriada. Para a surpresa e emoção de
todos, deu mais certo do que poderiam imaginar.
A importância da humanização
A Maternidade-Escola Assis Chateuabriand (Meac-UFC) é conhecida por
suas práticas humanizadas, mas nunca antes o corpo clínico havia
experimentado uma situação semelhante, como conta o obstetra Carlos
Augusto Alencar Junior, gerente de atenção à saúde e responsável por
todos os setores dali. “Já havíamos levado crianças para as mães
na UTI, mas nunca com uma paciente com respostas tão limitadas, que
mexia apenas os olhos. Na mesma hora, porém, ela teve os batimentos do
coração acelerados e chorou”, disse.
A instituição é um dos 40 hospitais do Brasil gerenciados pela
Empresa Brasileira de Serviços (EBSERH), do Ministério da Educação, e
que tem uma das mais antigas enfermarias que usa o método canguru (em
que a mãe e o bebê ficam em contato pele a pele).
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