04 junho, 2018

Artigo: Comunhão que renova forças

Celebração de Corpus Christi em São Luís

Por Flávio Dino
 
A Eucaristia é o momento em que estamos ao mesmo tempo ligados a Deus pelo elo da oração e aos nossos irmãos, pelos laços de devoção à mesma fé. É um momento em que dividimos nossas mais profundas aflições e maiores agradecimentos à força divina que nos move num mundo cujo cotidiano, muitas vezes, pode ser de aridez e confusão. É sobre essa força que nos muda por dentro e nos faz mudar o mundo que a celebração do Corpo de Cristo nos convida a refletir.

Quando, no domingo de Pentecostes, os apóstolos perceberam a presença do Espírito Santo que chegou através de uma rajada de vento, eles entendem dali por diante que uma profunda mudança acabava de acontecer-lhes. Os dias de luto e confusão pela ausência física de Jesus convertem-se em força para professar a fé na ressurreição e todos os preceitos de misericórdia e amor. Era tempo de renovar a fé, 50 dias após o Domingo de Páscoa, e reforçar os laços com o Salvador.

Dias depois, celebramos o Corpus Christi, que foi relembrado na última quinta-feira (31 de maio). O Corpo de Cristo, que simbolicamente recebemos por meio da hóstia, é esse caminho que nos aproxima de Deus a cada vez que participamos conjuntamente deste belo ritual. É o corpo do filho de Deus, oferecido a todos, a nos aproximar de nossos irmãos, sem fazer distinção, pois a sabedoria bíblica nos ensina, a todo momento, que somos iguais.

É esse o mais profundo sentido que encontramos na comunhão, que nos une por meio da fé cristã. Juntos, dizemos sim à igualdade, a praticar a humildade como espelho de Cristo, a trabalhar pelo bem comum e partilhar o amor com o próximo. Longe de ser apenas uma memória sobre um momento bíblico, esse dia nos convida a fazer mais por nossa comunidade em nossa passagem por este mundo.

Acreditar na comunhão total, simbolizada pelo Corpo de Cristo que compartilhamos, é compreender que nossa existência neste mundo não é sem propósito. O que significaria, afinal, estarmos no mundo senão para agir como vetor dessa mudança professada por nossa fé? Sabiamente, o Papa Francisco tem-nos ensinado com frases e gestos o que significa ser cristão, vivendo em um mundo que não para de mudar. Em uma de suas homilias, ele reafirma o vínculo que significa o Corpo de Cristo: “A Eucaristia não é recompensa apenas para os bons, mas força para os frágeis.”

Viver em nome desses preceitos é, portanto, saber agir com sensibilidade às dores do próximo, indignação diante das injustiças, insubmissão à ganância e aos poderosos. Estar pronto para, em ato, professar ideias transformadoras trazidas por Cristo e que continuam atuais: praticar a igualdade, a justiça e a fraternidade social.

Foram essas as reflexões que fiz enquanto participei da Missa de Corpus Christi, celebrada por Dom Belisário, em São Luís. Este foi o quarto dia de Corpus Christi nesse período em que governo nosso Estado. E em todos os anos estive nas missas solenes relativas a esta data, participando tanto em São Luís como em Imperatriz com dezenas de milhares de pessoas. Têm sido celebrações de comunhão que renovam as minhas forças. E a minha fé.

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