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Celebração de Corpus Christi em São Luís |
Por Flávio Dino
A Eucaristia é o momento em que estamos ao mesmo tempo ligados a Deus
pelo elo da oração e aos nossos irmãos, pelos laços de devoção à mesma
fé. É um momento em que dividimos nossas mais profundas aflições e
maiores agradecimentos à força divina que nos move num mundo cujo
cotidiano, muitas vezes, pode ser de aridez e confusão. É sobre essa
força que nos muda por dentro e nos faz mudar o mundo que a celebração
do Corpo de Cristo nos convida a refletir.
Quando, no domingo de Pentecostes, os apóstolos perceberam a presença do
Espírito Santo que chegou através de uma rajada de vento, eles entendem
dali por diante que uma profunda mudança acabava de acontecer-lhes. Os
dias de luto e confusão pela ausência física de Jesus convertem-se em
força para professar a fé na ressurreição e todos os preceitos de
misericórdia e amor. Era tempo de renovar a fé, 50 dias após o Domingo
de Páscoa, e reforçar os laços com o Salvador.
Dias depois, celebramos o Corpus Christi, que foi relembrado na última
quinta-feira (31 de maio). O Corpo de Cristo, que simbolicamente
recebemos por meio da hóstia, é esse caminho que nos aproxima de Deus a
cada vez que participamos conjuntamente deste belo ritual. É o corpo do
filho de Deus, oferecido a todos, a nos aproximar de nossos irmãos, sem
fazer distinção, pois a sabedoria bíblica nos ensina, a todo momento,
que somos iguais.
É esse o mais profundo sentido que encontramos na comunhão, que nos une
por meio da fé cristã. Juntos, dizemos sim à igualdade, a praticar a
humildade como espelho de Cristo, a trabalhar pelo bem comum e partilhar
o amor com o próximo. Longe de ser apenas uma memória sobre um momento
bíblico, esse dia nos convida a fazer mais por nossa comunidade em nossa
passagem por este mundo.
Acreditar na comunhão total, simbolizada pelo Corpo de Cristo que
compartilhamos, é compreender que nossa existência neste mundo não é sem
propósito. O que significaria, afinal, estarmos no mundo senão para
agir como vetor dessa mudança professada por nossa fé? Sabiamente, o
Papa Francisco tem-nos ensinado com frases e gestos o que significa ser
cristão, vivendo em um mundo que não para de mudar. Em uma de suas
homilias, ele reafirma o vínculo que significa o Corpo de Cristo: “A
Eucaristia não é recompensa apenas para os bons, mas força para os
frágeis.”
Viver em nome desses preceitos é, portanto, saber agir com sensibilidade
às dores do próximo, indignação diante das injustiças, insubmissão à
ganância e aos poderosos. Estar pronto para, em ato, professar ideias
transformadoras trazidas por Cristo e que continuam atuais: praticar a
igualdade, a justiça e a fraternidade social.
Foram essas as reflexões que fiz enquanto participei da Missa de Corpus
Christi, celebrada por Dom Belisário, em São Luís. Este foi o quarto dia
de Corpus Christi nesse período em que governo nosso Estado. E em todos
os anos estive nas missas solenes relativas a esta data, participando
tanto em São Luís como em Imperatriz com dezenas de milhares de pessoas.
Têm sido celebrações de comunhão que renovam as minhas forças. E a
minha fé.
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