Sabe-se que a FIFA é autoritária em qualquer parte,
mas nunca com a força que manda e desmanda nos países de terceiro mundo, como a
atual. A tão decantada soberania nacional está suspensa enquanto durar a
realização da Copa por aqui.
Mas o torneio realmente trouxe coisas boas. Por
falta de tempo, de prioridade ou por desinteresse do telespectador os programas
policialescos sumiram. Datena narra jogo no lugar de estupros e degolas;
Marcelo Rezende nem sei o que está fazendo.
Ninguém diz por que os chorões da seleção só dão
entrevistas exclusivas aos funcionários da rede Globo. Pode ser que a emissora
detenha os direitos autorais dessa rapaziada.
Além desse abuso, Galvão Bueno quer, porque quer,
mostrar ser o mais patriota dos brasileiros, com seus berros estridentes, seus
comentários de torcedor irracional e a sua mania de obrigar os colegas a comentarem
o que ele quer ouvir.
No jogo contra Camarões, o comentarista Casagrande
afirmou que o Brasil teria feito um bom 1º tempo. O baba-ovo chefe interpelou
que não teria sido bem assim. Logo o Casão mudou e conseguiu ver “o melhor
tempo de jogo do Brasil até aquele momento”. Só faltou dizer que fora o melhor
da Copa, superando, inclusive, o de Holanda e Espanha. Ronaldo está mais empastelado
do que um boneco de Olinda. Um boneco que fala.
Nada se falou quem seria o líder se o árbitro não
tivesse marcado um pênalti inexistente a nosso favor e se o outro não tivesse
anulado os dois legítimos do México contra Camarões. E o oba-oba voltou sobre o
Neymar, por ter marcado dois gols, muito mais por colaboração dos adversários
do que por mérito do atacante.
Nenhum comentarista se lembrou de que se ele perder
a Copa repete “o ganhar tudo” do Dunga, que só perdeu a Copa e a Olimpíada que
disputou. Com certeza, a unanimidade dos brasileiros trocaria “tudo que ele
ganhou” por um dos títulos perdidos. Além da Olimpíada, Neymar ainda perdeu a
Copa América, na qual a seleção conseguiu a proeza de não marcar nenhum gol de
pênalti.
Aqui em São Paulo sempre ressaltei a semelhança
entre a Polícia Militar e Jesus Cristo por existirem e nunca serem vistos. Em
tempos de Copa só falta ver Jesus, já que os policiais estão por todos os
cantos da cidade. Acontece que nenhum está usufruindo de férias, nem licença, e
até suas as folgas diminuíram. O que significa que sumirão ainda mais das ruas
assim que a Copa terminar.
Também cabe mencionar os torcedores pró Copa, que se
rebelaram contra os que criticaram a realização do evento e, principalmente, aos
gastos exorbitantes. Eles não merecem maiores considerações, por estarem no
grupo dos beneficiados com os milhares de cargos comissionados, aumentando o
leque de distorções por receberem os maiores salários sem prestarem concurso
público.
Quanto à organização da Copa, ficou comprovado que
os governos podem fazer uma administração melhor, desde que os brasileiros se
coloquem como pessoas “padrão-FIFA” e passem a exigir serviços ao menos no
nível que vêm sendo prestados no período da Copa. Nesse ponto concordo com o
jornalista Jorge Kajuru quando diz: “a seleção pode até ganhar a Copa, mas o
país já perdeu de goleada”.
Pedro Cardoso da Costa – Interlagos/SP
Bacharel em
direito
"NÃO HÁ DEMOCRACIA ONDE O VOTO É OBRIGATÓRIO"
Pedro Cardoso da Costa é colaborador do blog Barradocordanews.com
Pedro Cardoso da Costa é colaborador do blog Barradocordanews.com
Nenhum comentário:
Postar um comentário