Três anos
a mais e a Olimpíada estará acontecendo na América do Sul pela primeira vez na
história. Esse ineditismo, por si, mostra quanto a sua realização é relevante
para os brasileiros em geral, com a mudança do paradigma de só ter sido
realizada em países desenvolvidos.
No
próximo ano, o Brasil sediará a Copa do Mundo de futebol e isso se torna uma
espécie de nuvem a cobrir a importância dos Jogos Olímpicos de 2016. Eis que
não se ouve falar em nenhum programa de preparação ou de capacitação de atletas
para ganharem medalhas.
Definida
a escolha, o governo federal, os estaduais e as prefeituras já deveriam ter
apresentado as ações imediatamente. Depois de quatro anos da escolha do Brasil,
já era momento de se presenciar jovens jogando tênis nas quadras das escolas,
basquete e vôlei nas praças, ruas, natação nos clubes. Não se vê nada disso.
Nada está sendo feito seja em São Paulo, Rio de Janeiro, Belém, Blumenau,
Arapiraca ou em qualquer outro estado ou cidade, com o objetivo de preparar
atletas para alcançarem índices olímpicos.
Também
não há distribuição de material adequado ao treinamento em outros esportes sem
tradição no Brasil. Todas as estradas já deveriam ter se transformado em
verdadeiras pistas de atletismo.
Somente
quando alguns atletas fossem se destacando haveria a necessidade de colocá-los
em ambientes com padrões olímpicos para chegarem aos jogos com índices bem
seguros e em condições reais de igualdade com os atletas de ponta.
Até agora
as ações são restritas à construção da Vila Olímpica. Abandonaram até os
vencedores de medalhas de ouro em Londres. Decepcionados, os medalhistas da
última Olímpiada ameaçaram até sair do país. Ao invés de apoio, de estrutura,
as autoridades utilizam de chantagem ao cobrar patriotismo.
Outra
medida a ser testada seria a concessão de bolsa aos atletas que se destacassem
para praticarem em academias e clubes particulares que oferecessem condições
plenas ao desenvolvimento de suas potencialidades máximas.
Emissoras
de televisão aberta e de rádio deveriam começar a veicular vinhetas sobre
outros esportes menos conhecidos da população, já que é pouco ou nenhum o
conhecimento dos brasileiros sobre alguns esportes. Como o país-sede deve
participar de todas as modalidades, entender das regras seria o mínimo.
É fato
que seremos o país organizador que menos ganhou medalhas de ouro na edição
anterior. Ao contrário de todos os demais, não houve progressão nenhuma nas
Olimpíadas imediatamente anteriores. Nossa média de ouro variou de zero, em
2000, a três, em 2010. Diferente dos demais países, o número de atletas com
índices olímpicos deveria ser bem maior para compensar alguns favoritos que na
hora "h" costuma amarelar. Daiane dos Santos, Diego e Daniele
Hypólito, Jade Barbosa e Fabiana Murer são exemplos acabados. Nem se fale da
seleção de futebol, que amarela sempre. Nunca venceu nem mesmo quando estavam
os maiores jogadores do mundo, como Ronaldo, Ronaldinho, Romário, Rivaldo e
cia.
Caso a
tremedeira fale mais alto por estar em casa, também seremos o país-sede que
menos ganhará medalhas, além de não restar nenhum legado na transformação na
nossa cultura esportiva, que se limita ao futebol, que vai de mal a pior. E
plagiando Ronaldo Fenômeno, nossas autoridades precisam entender que medalhas são
conquistadas com atletas.
Pedro
Cardoso da Costa – Interlagos/SP
Bacharel em direito
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