Marielle Franco e a hoje deputada federal Taliria Petrone (PSOL-RJ)
receberam ameaças de morte meses antes do assassinato de Marielle. A
informação consta do inquérito da Polícia Civil sobre o assassinato de
Marielle e Anderson Gomes, mas só agora vem a público
(Foto: divulgação) |
247 - A Polícia Civil do Rio sabe que Marielle Franco
e Talíria Petrone (PSOL-RJ), hoje deputada federal, receberam ameaças
antes do assassinato de Marielle e Anderson Gomes no Rio em 14 de março
de 2018.
Talíria chegou a falar sobre o assunto com Marielle pelo WhatsApp
(veja troca de mensagens abaixo). "Tem uma série de episódios de tensão,
mas nada que a gente esperasse que chegasse até uma execução", afirmou a
hoje deputada aos jornalistas Luís Adorno e Flávio Costa do UOL.
A informação não é nova para a polícia, mas só agora vem à luz. Logo
nas primeiras horas após o crime, agentes da Delegacia de Homicídios do
Rio receberam a informação de que uma pessoa do gabinete foi abordada em
um ônibus por um homem que teria falado "que Marielle Franco estava
falando demais".
Mas a pessoa não foi questionada pelos policiais a respeito da ameaça
quando prestou depoimento, dois dias após o crime, como mostram
registros do inquérito.
Em 2017 meses antes do assassinato, Talíria Petrone, então vereadora
de Niterói (RJ), avisou Marielle que havia recebido ameaças.
Em 16 de novembro daquele ano, Talíria informou sobre o ocorrido em
seu gabinete e Marielle se prontificou a ajudar a identificar os autores
e denunciar. Veja abaixo a troca de mensagens:
Talíria (00h00): Ligaram lá pra sede do Psol me ameaçando
Talíria (00h00): Acredita?
Talíria (00h00): E falando que iam explodir o Psol
Marielle (00h18): Sede daqui
Talíria (00h19): Ligaram das 10 às 15h pedindo meu telefone, me chamando de piranha e ameaçando
Marielle (00h19): pra ver se vale a pena denunciar
Talíria (00h00): Acredita?
Talíria (00h00): E falando que iam explodir o Psol
Marielle (00h18): Sede daqui
Talíria (00h19): Ligaram das 10 às 15h pedindo meu telefone, me chamando de piranha e ameaçando
Marielle (00h19): pra ver se vale a pena denunciar
A deputada federal afirmou que até a morte de Marielle, os membros do
PSOL nunca imaginaram que poderia ocorrer de fato um atentado.
"Havia um clima em Niterói até mais tenso do que na capital.
Ela me dizia para eu ficar mais atenta. Eu ia de bicicleta e ônibus
para a Câmara. Depois da morte dela, fiquei por cinco meses com escolta.
Hoje eu tenho escolta da polícia legislativa. Não ando mais pela cidade
como eu andava. Mudou radicalmente a minha vida. Ia muito a samba, hoje
tenho muitos limites, em especial quando estou no Rio."
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