
SÃO LUÍS - Os prefeitos e ex-prefeitos de municípios maranhenses com
ligação com a quadrilha de agiotas comandada pelos empresários Gláucio
Alencar e o pai dele, José de Alencar Miranda Carvalho, serão ouvidos em
maio. De acordo com as investigações da Secretaria Estadual de
Segurança Pública (SSP), 41 prefeituras têm algum tipo de ligação com os
agiotas, acusados de serem os mandantes do assassinato do jornalista de
O Estado, Décio Sá, fato ocorrido no dia 23 de abril do ano passado.
De
acordo com o titular da SSP, Aluísio Mendes, o trabalho da polícia a
partir deste momento será o de descobrir qual era o envolvimento desses
gestores municipais com a quadrilha de agiotas. Mendes afirmou que esta
atividade será desenvolvida analisando a documentação que foi encontrada
em poder de Gláucio Alencar e José de Alencar Miranda Carvalho.
O
titular da SSP informou também que foram solicitadas à Justiça quebras
de sigilos bancário e fiscal para dar prosseguimento às investigações.
Esquema
O
esquema de agiotagem no estado foi denunciado por Décio Sá em seu blog
e, segundo a polícia, esta teria sido uma das motivações para que o
grupo de agiotas contratasse um matador, Jhonatan de Sousa Silva, para
assassinar o jornalista.
De
acordo com as investigações, o esquema começava nas eleições. Para
financiar suas campanhas, os gestores contraíam empréstimos com a
quadrilha, que, como pagamento, recebia dinheiro público por meio de
facilitação em licitações de merenda escolar, medicamentos e programas
federais.
O bando montava
empresas de fachada para vencer licitações direcionadas e utilizava
“laranjas”, entre eles pessoas que já haviam falecido.
Recursos
Os
recursos saíam direto de contas de programas federais – como o Programa
Nacional de Alimentação Escolar (Pnae) e o Fundo de Participação dos
Municípios (FPM). Muitas vezes, os agiotas cobravam o empréstimo com
juros entre 20% e 25% ao mês, o que aumentava ainda mais o valor da
dívida.
As investigações da
polícia apontaram também para o envolvimento no esquema de agiotagem e
assassinatos de um capitão da Polícia Militar: Fábio Aurélio Saraiva
Silva, o Fábio Capita, que está preso, segundo a polícia, acusado de ter
fornecido a arma para o pistoleiro Jhonatan matar o jornalista. Fábio
Aurélio do Lago e Silva, o Buchecha, e José Raimundo Charles Sales
Júnior, o Júnior Bolinha, também foram indicados pela polícia como
integrantes do esquema de agiotagem. Eles teriam sido os responsáveis
pela contratação do pistoleiro.
Prefeituras
envolvidas em esquemas de agiotagem, segundo a SSP: Apicum-Açu, Arari,
Bacabal, Brejo, Cajapió, Cândido Mendes, Cantanhede, Caxias, Coelho
Neto, Cururupu, Dom Pedro, Lago Verde, Lagoa Grande, Magalhães de
Almeida, Marajá do Sena, Mirador, Miranda do Norte, Mirinzal, Nina
Rodrigues, Paço do Lumiar, Pastos Bons, Paulo Ramos, Penalva,
Pindaré-Mirim, Pinheiro, Rosário, Santa Luzia, Santa Luzia do Paruá, São
Domingos do Azeitão, São Domingos do Maranhão, São Francisco do Brejão,
São João do Sóter, São Luís, Serrano do Maranhão, Sucupira do Riachão,
Timon, Turilândia, Tutoia, Urbano Santos, Vargem Grande e Zé Doca.
O Estado
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