Rodrigo Maia, procurador-geral do Estado alerta sobre possível vício de competência que pode anular provas colhidas pela ‘Pegadores’ |
do Blog do Garrone
Preocupada com a efetiva apuração dos
fatos e a punição dos culpados, a Procuradoria Geral do Estado encaminhou ainda
no mês de novembro ofício à juíza federal da 1ª Vara criminal da Secção
Judiciária do Maranhão, Paula Souza Moraes, com cópias à Procuradoria da
República e às superintendências da Polícia Federal e Controladoria Geral da
União, ofício alertando que as investigações da ‘Operação Pegadores’ correm o
risco de serem anuladas por vício de competência.
A PGE observa que Nota Técnica elaborada
pela Secretaria de Estado de Planejamento e Orçamento do Maranhão constata que
os recursos públicos destinados ao sistema estadual de saúde entre os anos de
2015 e 2017, e que teriam sido supostamente desviados pelas condutas apontadas
pela 'Pegadores', são estaduais; o que extrapola os limites legais permitidas nas
ações da PF, MPF e CGU.
“Ora, segundo pacificado pela 3ª Seção
do Col. STJ em recente decisão, ‘em se tratando de verbas oriundas da União e
destinadas ao Sistema Único de Saúde, tais recursos ficam sujeitos à
fiscalização federal (HC 198375/BA. Relator Ministro Joel Ilan Paciornik, 5ª
Turma. Dje 10/02/2017). Por decorrência lógica, em se tratando de verbas
oriundas do Estado, precisamente identificadas, ainda que destinadas ao custeio
da saúde, tais recursos ficam sujeitos à fiscalização estadual”, explica o
procurador-geral do Estado, Rodrigo Maia.
“Se autoridades federais pudessem
investigar bens e serviços estaduais, haveria uma clandestina intervenção
federal, vetada pela Constituição”, argumenta.
Maia diz que a existência de unidades
hospitalares custeadas exclusivamente pelo Estado atesta que os recursos do
Fundo Nacional de Saúde não se misturam com os recursos do Tesouro Estadual, e
deixa sem justificativa a operação da PF.
Segundo o procurador, a Seplan ao
identificar as entidades do terceiro setor beneficiárias das verbas estaduais,
“atrai a atuação dos órgãos e agentes integrantes do sistema estadual de
Justiça, sob pena de vir a ser suscitada nulidade dos atos apuratórios e judiciais
até agora praticados”.
No ofício, a PGE fez questão de
ressaltar que essa é uma situação indesejada, daí a iniciativa de fornecer a
Nota Técnica como forma de aprimorar a segurança jurídica e permitir ao Estado
do Maranhão adotar as medidas necessárias contra os responsáveis pelos danos
causados à saúde pública.
“A definição das atribuições,
competências e colaborações entre os sistemas federal e estadual de Justiça
será relevante para fixar o ressarcimento ao erário. Em se tratando de recursos
estaduais, perfeitamente identificados e sem qualquer origem ou vinculação
federal, é impossível cogitar eventual devolução dos valores desviados à União,
sob pena de caracterizar enriquecimento sem causa”, avisa.
A ‘Pegadores’, 5ª fase da operação
Sermão aos Peixes, foi deflagrada dia 16 de novembro e prendeu 17 pessoas
acusadas de desviar R$ 18 milhões dos recursos do SUS.
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