Há seres humanos
especiais que nos iluminam com seu exemplo ao transformar sua existência neste plano terrestre em vida a serviço de outras vidas. Ainda é mais
engrandecedor quando esse exemplo é dado de forma coletiva por meio
da associação de diversas pessoas em favor de um projeto compartilhado
de transformação de determinada realidade.
É o caso da SMDH – Sociedade Maranhense dos
Direitos Humanos – que chega aos 35 anos de existência na próxima quarta-feira, dando um
exemplo singular de dedicação à melhoria da vida do povo, enfrentando a brutal
desigualdade que está no âmago dos problemas sociais do Maranhão.
Em 12 de fevereiro de 1979, quando a
SMDH começou suas atividades, as trevas da ditadura militar ainda
pairavam sobre o nosso país. Era a época em que muitos dos que hoje
arvoram-se em arautos da democracia fartavam-se em banquetes com ditadores, em
verbas públicas desviadas e em privilégios que ainda
hoje persistem.
Nesta quadra tão triste da vida nacional, a SMDH teve coragem de se expor
para defender as vítimas do arbítrio e da violência do Estado totalitário. A partir da redemocratização, a SMDH voltou suas atividades para a assessoria jurídica aos pequenos proprietários e aos
trabalhadores rurais, buscando garantir o direito à terra e apoiando projetos de tecnologia alternativa, para
elevar o valor agregado da produção agrícola, forma mais direta de aumentar a renda de quem vive no
campo.
A instituição voltou-se também para atuação junto às testemunhas ameaçadas de morte e no combate à tortura. Em
especial nesses dois temas, participei de muitas atividades com a SMDH, o que
acabou resultando na honrosa concessão a mim do Prêmio de Direitos Humanos em 2003, fato que me deu e continua
me dando muita alegria.
Portanto, ao longo da sua história, a SMDH sempre denunciou os descalabros que viriam a
ser de conhecimento mundial com os episódios trágicos de violência no nosso Estado, dentro e
fora das penitenciárias, ocorridos nos últimos meses.
Lamentavelmente, as autoridades que
poderiam e deveriam ter tomado providências nada fizeram diante dos
alertas da SMDDH. Tampouco tiveram efeito, entre os poderosos, as sábias palavras proferidas em carta divulgada pela CNBB – Confederação Nacional dos Bispos do Brasil
– criticando as ações e omissões do atual sistema de poder estadual.
Instituições sociais como a CNBB e a SMDH nos dão exemplos vivos de luta por uma sociedade justa, mesmo
quando as condições são tão adversas. Por isso, são referências de como podemos seguir em frente na luta por melhores
condições de vida para milhões de esquecidos, explorados,
oprimidos.
Atualmente, temos de concordar que “não é este o Estado
que Deus quer”, como bem definiram os bispos da CNBB. Transformar essa
realidade politica e social em algo mais próximo do ideal
divino da justiça é um desafio tão grandioso que somente milhares de braços e abraços podem vencê-lo.
Somente a união de esforços sérios, como nos apontam os exemplos da SMDH e da CNBB, dará forças suficientes para que
superemos a triste situação de estado que convive com os
piores índices de desenvolvimento social do país.
O aniversário da SMDDH presta-se a que seja sublinhada a urgência de reorganização do Maranhão, de modo a que as riquezas acumuladas ilegalmente por
poucos possam realmente chegar a todas as casas dos maranhenses. Parabéns aos que fizeram e fazem a SMDDH, patrimônio do povo do Maranhão.
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