
A Federação Nacional dos Jornalistas
(FENAJ) emitiu uma nota de repúdio à maneira como os jornalistas foram tratados
durante a cerimônia de posse do presidente Jair Bolsonaro, nesta terça-feira
(1), em Brasília.
"Na história recente do país, nunca
houve restrições ao trabalho dos jornalistas para a cobertura das posses dos
presidentes eleitos pelo povo brasileiro. Aos profissionais credenciados foi
anunciado, por uma assessora do novo governo, que se tratava de 'uma posse
diferenciada e todos têm que entender isso'. A diferença, entretanto, foi uma
demonstração inequívoca de que o novo governo acha-se no direito de
desrespeitar uma das regras essenciais das democracias: a liberdade de
imprensa", diz a entidade.
"A segurança não pode ser justificativa
para medidas autoritárias e abusivas, que visam, na verdade, dificultar o
trabalho dos jornalistas e restringir a produção e a livre circulação da
informação. O verdadeiro aparato de guerra montado para a posse revela que a
tática de Bolsonaro de espalhar o medo, utilizada na campanha eleitoral, será
mantida no governo".
Leia a íntegra da nota:
A Federação Nacional dos Jornalistas
(FENAJ), entidade de representação nacional da categoria, vem a público
manifestar seu veemente repúdio às restrições ao trabalho dos jornalistas e ao
tratamento desrespeitoso dispensado aos profissionais durante a posse do
presidente Jair Bolsonaro, ocorrida ontem, 1º de janeiro, em Brasília.
Os
profissionais da imprensa foram obrigados a cumprir um horário injustificado,
tendo de se apresentar para a cobertura às 7 horas, para uma solenidade marcada
para o início da tarde.
Jornalistas tiveram de se deslocar para os locais de
cobertura em veículos disponibilizados pelo governo, não puderam circular
livremente (alguns correspondentes estrangeiros consideram o confinamento
obrigatório como cárcere privado), passaram por privação de água e ainda foram
ameaçados, caso desrespeitassem as rígidas regras de comportamento anunciadas.
Quem não respeitasse as restrições de acesso ou mesmo fizesse movimentos
bruscos (aviso especial aos repórteres fotográficos, que não deveriam erguer
suas câmaras), poderia se tornar alvo dos atiradores de elite.
Na história recente do país, nunca houve
restrições ao trabalho dos jornalistas para a cobertura das posses dos
presidentes eleitos pelo povo brasileiro. Aos profissionais credenciados foi
anunciado, por uma assessora do novo governo, que se tratava de “uma posse
diferenciada e todos têm que entender isso”.
A diferença, entretanto, foi uma demonstração
inequívoca de que o novo governo acha-se no direito de desrespeitar uma das
regras essenciais das democracias: a liberdade de imprensa. A segurança não
pode ser justificativa para medidas autoritárias e abusivas, que visam, na
verdade, dificultar o trabalho dos jornalistas e restringir a produção e a
livre circulação da informação.
O verdadeiro aparato de guerra montado para a
posse revela que a tática de Bolsonaro de espalhar o medo, utilizada na
campanha eleitoral, será mantida no governo.
A FENAJ soma-se ao Sindicato dos
Jornalistas do Distrito Federal, que já havia denunciado as medidas restritivas
ao trabalho da imprensa quando do credenciamento dos profissionais, e exige das
autoridades do novo governo uma mudança no tratamento dispensado aos
jornalistas no exercício da profissão.
A Federação também cobra das empresas de
comunicação postura mais firme na defesa de seus profissionais e da liberdade
de imprensa. A maioria das empresas nem mesmo denunciou as medidas restritivas
imposta pelo governo e o tratamento desrespeitoso dispensado aos jornalistas.
Não podemos naturalizar medidas
antidemocráticas, para que não se tornem a regra. A democracia exige vigilância
e estaremos vigilantes.
Federação Nacional dos Jornalistas –
FENAJ.
Brasília, 2 de janeiro de 2019.
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