Ronnie Lessa teria sido vítima de um suposto
latrocínio 45 dias depois de ter disparado os tiros que mataram Marielle
Franco e Anderson Gomes. Mas, policiais civis acreditam que caso pode
ter sido uma tentativa de queima de arquivo
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Ronnie Lessa (Foto: Reprodução/Jornal Nacional)
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Preso como responsável pelos disparos que assassinaram Marielle
Franco e Anderson Gomes, o ex-PM Ronnie Lessa tomou um tiro no pescoço
ao reagir a um suposto assalto 45 dias depois do dia do crime contra a
vereadora do PSol. O caso foi registrado como latrocínio, mas há
diversas lacunas no inquérito e, em sigilo, policiais civis afirmaram a Flávio Costa, do portal Uol, que há suspeitas de queima de arquivo.
No
registro da investigação, Ronnie teria reagido a um assalto após
estacionar seu carro em frente ao restaurante Varandas, no Quebra-Mar da
Barra da Tijuca, zona oeste do Rio, no dia 27 de abril de 2018.
Alessandro
Carvalho Neves, identificado como autor do crime, chegou em uma moto,
parou próximo ao quiosque, sacou o revólver e anunciou o assalto. Lessa
teria se desequilibrado na ação por usar uma prótese na perna esquerda e
caiu. Um bombeiro, identificado como Maxwell Correia, que iria almoçar
com Lessa, mandou o assaltante largar a arma, mas ele teria reagido
atirando.
Dois disparos acertaram Lessa no pescoço e Maxwell na
perna. O bombeiro ainda conseguiu acertar um tiro nas costas do
assaltante, que fugiu, sendo preso em seguida e condenado a 13 anos e 4
meses no processo por latrocínio.
Queima de arquivo
Segundo policiais civis ouvidos pela reportagem, diversos fatores levantam suspeitas sobre uma possível queima de arquivo – possibilidade que não foi levantada nas investigações.
Alessandro,
o assaltante é de Taboão da Serra, na grande São Paulo, e até o dia do
crime não havia registros de crimes cometidos por ele no Rio. Sete meses
antes, ele havia se livrado da prisão no interior paulista, onde
cumpriu pena por roubo. Não há nada na investigação que explica o motivo
de Alessandro estar no Rio e ter escolhido como alvo justamente o
ex-PM.
Lessa
e Maxwell foram levados para hospitais diferentes e a cena do crime não
foi periciada. Não se sabe onde estão o revólver e a moto que
Alessandro usou no assalto.
Não houve perícia no único projétil
encontrado no local e não há como afirmar que bala, que não teria sido
removida do pescoço de Lessa, partiu da arma do assaltante.
Alessandro
teve sua pena, de 13 anos de prisão, confirmada duas semanas depois que
Ronnie Lessa e o amigo, o PM Élcio Vieira de Queiroz, foram presos
acusados das mortes de Marielle Franco e Anderson Gomes, em março deste
ano.
Maxwell, a outra vítima do assalto, é tido como sócio de
Lessa em negócios ilegais e foi alvo de um mandado de busca e apreensão
no âmbito das investigações do Caso Marielle.
Revista Fórum
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