
Por: Luiz Carlos Rodrigues da Silva
A História, enquanto ciência apresenta inúmeros desafios e uma
estética encantadora na sua narração, seja nas alternativas prováveis da
verdade presente nos fatos, seja no fato do que se apresenta como
ilusório. Nem sempre o que parece ser bom é bom e o que parece ser mal é
verdadeiramente mal. Porém, com os instrumentos que temos em mãos,
incluindo a ilusão, é possível de materializar o futuro em nuances
sociais e na dialética antropológica.
O ano de 2016, que insiste
em não terminar, agoniza em um cenário de nuvens espessas. O fim da
“nostálgica” Guerra Fria, com a derrocada do Muro de Berlim, fez com que
a República Popular da China conversasse com o imponente Uncle Sam. A
Europa desfigurada pela Segunda Guerra Mundial reintegrou-se no âmbito
político/econômico e a Rússia retroalimentando bucolicamente o seu sonho
imperialista. Com a palavra The Sir Vladimir Putin! O que se pensava a
respeito das atividades beligerantes é que seriam estritamente
localizadas. Por exemplo: Israel com a construção incessante de novos
assentamentos em território palestino, com seus vizinhos non gratos, a
tensão latente entre a índia e o Paquistão pela disputa da região da
Caxemira, a alteração de ânimo e intenção inconstante no Paralelo 38 LN
entre a Coreia do Norte e a Coreia do Sul e os acordos e guerras do
passado não resolvido entre o Japão com a China. A Turquia com Erdogan
relembrando fatos do Império Turco-Otomano e os resquícios da invasão ao
Iraque redefinindo o desequilíbrio no já tênue equilíbrio do Oriente
Médio. A divergência cada vez mais nítida entre xiitas e sunitas na
prática dos atentados terroristas em terras ocidentais, até então
impensável, citando como exemplo a ideia de que o Boko Haram mataria
somente africanos.
Em 2015, na cidade de Paris, os atentados ao
Charlie Hebdo e ao Bataclan, bem como em outras cidades europeias, o
ataque às torres gêmeas de New York veio à tona. O ocidente é frágil no
aspecto do imprevisível e do meramente ilusório. O fantasma do inimigo
rondando as bases da civilização ocidental se tornou uma obsessão!
2016
preanuncia o seu possível fim com a Rússia não se identificando, nem
geograficamente nem culturalmente com a localização na emblemática
Eurásia; a indefinição da União Europeia com o Brexit; o cumprimento ou
não das promessa de campanha de Donald Trump nos EUA; o realinhamento de
Cuba após a morte de Fidel Castro, o crescimento da nova direita
anti-establishment na Áustria e na Alemanha, o fracasso da reforma
constitucional na Itália que levou à renuncia de Matteo Rinzi. Além das
incógnitas na redefinição do Pacífico, seja na Ásia quanto na América.
Cenário esse que pode se agravar com o afastamento dos Estados Unidos
das decisões internacionais. A doutrina do Destino Manifesto em crise!
Não podemos esquecer-nos das hediondas guerras no Oriente Médio,
desta vez provocando enormes ondas migratórias para a Europa, já exausta
com a crise econômica.
O que esperar para 2017? Teremos um novo mapa político com inúmeras acomodações e rearranjo geopolítico. Os Estados Unidos ainda ocupando
a posição de Superpotência, porém perseguido incansavelmente pela
China. O diálogo impensável no tabuleiro do Oriente Médio entre Arábia
Saudita, Irã e Turquia. A guerra na Síria com o apoio incondicional da
Rússia de Putin. O Iêmen sendo ameaçado pelo inesperado ímpeto bélico da
Arábia Saudita. O futuro da Europa pós-Brexit é nebuloso. O futuro do
MERCOSUL no cenário acirrado da globalização. O desemprego como fator
preocupante numa economia marcada pelas novas tecnologias e um nível de
conhecimento elevadíssimo provocando o desaparecimento maciço de postos
de trabal2ho. Estudiosos acenam que os problemas sociais ficarão cada
vez mais evidentes.
E o Brasil? Desemprego em níveis alarmantes,
crise política, ética, moral, recessão econômica gravíssima, falta de
liderança política, congresso nacional desfigurado, partidos políticos
que não representam os anseios da população, índices educacionais
humilhantes, corporativismo ainda em alta, país desatinado com a
sociedade do conhecimento.
Como iremos reagir diante das novas
exigências nacionais e mundiais? Sairemos dessa crise tão grave? Iremos
conseguir delinear um novo marco axiológico e sociológico? Alternaremos a
nossa conduta de “jeitinho brasileiro” para uma práxis pragmática e
técnica? Perguntas intrigantes para um novo paradigma pessoal e social.
2017. O ano que insiste em não começar!
Feliz e ousado 2017!
Prof. ME. Luiz Carlos
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