Existem coisas que
precisam ser combatidas independentemente se atingirá ou não o resultado
desejado ou considerado ideal. De forma recorrente, cito como exemplos a morte
e a corrupção.
Mesmo tendo a morte
como único resultado certo, ninguém deixa de lutar contra ela. Com a corrupção
se tem a diferença que ela só é combatida quando se torna pública. Enquanto não
chega à mídia, ela é abafada, o dinheiro fica com quem comeu, um monte de
bravatas servem de desculpas, e o povo paga a conta.
Com maior intensidade o
racismo deve ser combatido, seja ele de que ordem for, seja de cor, raça,
crença. E esse talvez seja o mais difícil de combater, pois ele se manifesta de
um jeito sutil; quase imperceptível. O resultado, no entanto, é
escancaradamente inverso. Todos veem e sentem, menos os racistas.
Não precisaria de
nenhuma estatística para comprovar que a população brasileira tem um percentual
alto de negros, o número de mulheres é maior do que homens e é crescente os
homossexuais assumidos.
Pouca gente se atenta
para a quantidade de negros numa festa de formatura. Quando tem, é um, alguns,
de cursos mais simples. É raro um nos concursos para juiz, promotor de justiça
e diplomata.
Nas novelas da rede
Globo, se teve algum personagem negro protagonista, ninguém lembra, ou se teve
foi num papel caricato. O mesmo acontece com apresentadores de programas de
televisão, apresentadores de jornal. Na televisão existem apenas alguns
repórteres.
O Supremo Tribunal Federal
já existe há mais de cem anos. E talvez Joaquim Barbosa tenha sido o único
negro lá. De onze ministros, duas mulheres foram o máximo presente numa
composição do tribunal. E essa proporcionalidade se mantém até os níveis mais
baixos. E nesse ramo de atividade, se existe homossexual fica trancafiado no
armário, porque é uma escolha. Ou é gay assumido e não é ministro ou é um falso
hétero ministro.
Não há atividade
destacada em que mulheres e negros estejam presentes na proporcionalidade
existente na sociedade brasileira e talvez mundial, sem considerar países e
culturas em que as mulheres ainda são consideradas seres inferiores.
Continua como exceção,
políticos, escritores, diretores de qualquer coisa, pilotos de Fórmula 1 e de
avião.
Nas listas dos mais ricos
do mundo é necessário separar mulheres de homens. E talvez não se conseguisse
alcançar a posição da mulher, e também do negro mais rico do mundo numa relação
em que fossem incluídos os brancos.
Daí surgem às
explicações mais simplórias possíveis. Ah, eles que corram atrás. Esses
argumentos passam a impressão de que mulheres, negros e homossexuais têm a
genética diferente, propensa à inferioridade. Contrapor-se a justificativas
dessa natureza se torna infrutífera devido à máxima de que, para gente que
pensa assim, nenhuma explicação é possível.
Combater o racismo ou
qualquer forma de preconceito depende muito mais de ações concretas do que
manifestações verbais, placas de aviso, leis e outras iniciativas similares.
Está na hora de a rede Globo colocar um protagonista negro na novela das nove,
bem como colocar dois negros, duas mulheres como apresentadores num dos seus
jornais de destaque.
Todas as demais
instituições e segmentos sociais devem seguir o exemplo para evitar a
necessidade de quotas raciais para proteger pessoas em razão de cor, sexo ou
sua orientação sexual.
Pedro
Cardoso da Costa – Interlagos/SP
Bacharel
em direito
Pedro Cardoso da Costa é colaborador do blog Barradocordanews
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