O tremor foi o maior da história do Maranhão. Em
Belágua, 50 casas tiveram a estrutura comprometida.
Imagem de Vargem Grande. Reprodução: Ilustração |
O tremor de terra que foi sentido na manhã desta terça-feira (3) das cidades São Luís à Teresina
teve o epicentro localizado nas proximidades dos municípios de Vargem
Grande e Presidente Vargas. O tremor de magnitude 4.6 aconteceu às 9h43
da manhã, no horário local. Os dados foram confirmados pela Rede
Sismográfica Brasileira (RSBR), via Centro de Sismologia da Universidade
de São Paulo (USP). O epicentro foi localizado primeiramente nas
proximidades de Belágua, mas depois foi revisto pelos especialistas.
Este foi o maior tremor, ou abalo sísmico, já registrado no Maranhão. O
tremor foi bem sentido desde São Luís até Teresina, e até em algumas
localidades a mais de 200 km de distância do epicentro.
A Rede Sismológica Brasileira registrou seis abalos em Vargem Grande, com magnitudes variando de 1.5 a 4.6 na escala Ritcher.
A confusão inicial em relação à localidade foi causada por conta da
distância entre as estações da Rede Sismológica Brasileira seriam muito
distantes uma da outra, portanto a margem de erro seria de
aproximadamente 20km.
Apesar de não ser o ponto do epicentro, Belágua foi a cidade mais
afetada pelo tremor, que assustou os moradores – aproximadamente 50
casas tiveram a estrutura comprometida, com pisos afundados e pequenos
vidros rachados. De acordo com o prefeito da cidade, Herlon Costa, não
houve vítimas, apenas danos físicos. “Lamentamos a situação, que
realmente pegou a população de surpresa, atingindo tanto o centro quanto
a zona rural do município. Algumas pessoas idosas acabaram passando
mal, mas felizmente não temos relatos de vítima, apenas danos físicos.
Contamos com o apoio da Defesa Civil, na pessoa do Coronel Roberto, que
esteve em Belágua e deu suporte no levantamento de danos. Saímos com um
carro de som nas ruas, chamando a população a notificar os problemas em
suas casas. Foram casas que racharam, casas no qual o piso afundou.
Estamos tomando ações, deste número aproximadamente 50 casas que tiveram
a estrutura comprometida. Apesar disso, nenhuma tem o risco de
desabar”, explicou o parlamentar. Haverá uma avaliação dos projuizos
materiais. Mensagens em carros de som nas ruas foram usadas para acalmar
a população.
Já em Presidente Vargas, o prefeito Erialdo Pelúcio, disse à
reportagem do MA10 que o tremor foi sentido sem muita intensidade, porém
algumas pessoas ficaram desesperadas. Os funcionários da prefeitura
local foram às ruas com carro de som para acalmar as pessoas. Segundo o
parlamentar, não houve danos.
Os tremores foram sentidos em outras cidades, como Albano Franco e
Chapadinha. O Centro de Sismologia da USP relata que os tremores de
magnitude 4.6 são normalmente sentidos a distâncias de até 150 a 250 km.
Não foi relatado até agora nenhum grande dano, apenas forte vibração na
região epicentral.
Os maiores tremores anteriores no Maranhão haviam ocorrido em
Itapicuru em 1871 (magnitude 4?), em Alcântara em 1909 (mag= 3?), e
perto de João Lisboa em 1981 (magnitude 3.4). Foi, portanto, um tremor
incomum para o Maranhão embora de magnitude normal para o Brasil onde
tremores ainda maiores, acima de magnitude 5, ocorrem a cada 5 anos em
média. Os estados do Ceará e Rio Grande do Norte, por exemplo, são palco
de atividade sísmica muito frequente, como atesta o grupo de sismologia
da UFRN.
O professor de Geologia do Departamento de Geociências da Universidade Federal do Maranhão, Marcelino Silva Farias, explicou, em entrevista ao MA10, que este é um evento raríssimo, mas que pode voltar a acontecer.
“O Maranhão está distante do epicentro do terremoto, que está no
Chile”, diz o especialista. “No entanto, mesmo assim conseguimos sentir
os efeitos de um abalo sísmico deste porte, porque os tremores se
espalham como ondas. As localidades próximas ao epicentro, ainda que
pareçam distantes para nós, conseguem ser abaladas por ele”, explicou.
Para o professor de Geografia Física da Universidade Estadual do
Maranhão, Luis Jorge Dias, o tremor sentido no Maranhão se explica,
parcialmente, por ser um “tremor de acomodação”.
“As rochas ficam saturadas do peso que elas suportam, do solo para
baixo, e isso faz com que as rochas se acomodem do solo até alguns
quilômetros de profundidade. Isso é comum em áreas sedimentares, como é o
caso da nossa”, aponta.
Para Luis Jorge Dias, parte da nossa zona costeira
maranhense, abrangendo a que vai de Alcântara ao município de Icatu, é
recortado por uma falha geológica na faixa norte, inferida por
geomagnetismo. A profundidade da fenda permite que haja uma propagação
mais intensa do abalo císmico nessa linha.
O professor de Geologia da UFMA, Marcelino Farias, não descarta a
ocorrência de novos tremores. “É impossível prever. Mesmo em regiões com
grandes centros, as previsões ocorrem com poucos minutos, segundos ou
horas”, destaca Marcelino Farias.
O especialista salienta que a população precisa se manter calma.
“Este é um evento raro e não quer dizer que o Maranhão irá viver um
terremoto. São tremores esporádicos aos quais estamos sujeitos por
estarmos próximos de lugares em que terremotos são mais frequentes”,
finalizou.
Nenhum comentário:
Postar um comentário