04 julho, 2012

Estudante forjou o próprio sequestro para não entregar TCC

Da Folha de São Paulo e Portal Terra

Uma estudante universitária de 22 anos, que teria sido sequestrada em Belém (PA), confessou na manhã desta ontem que o suposto crime foi inventado por ela. De acordo com a Polícia Civil, Susan Paola Fadel Correia forjou o próprio sequestro por não ter finalizado o trabalho de conclusão de curso (TCC), de sua graduação em pedagogia, em tempo hábil. 
              
                       
“Ela não queria aborrecer a mãe porque, no semestre passado, havia sido reprovada na universidade pelo mesmo motivo”, contou o delegado Gilvandro Furtado, responsável pela investigação. Segundo ele, a repercussão que o caso ganhou assustou a universitária.
Ela havia desaparecido na quarta-feira passada (27), justamente o dia em que deveria entregar o TCC (Trabalho de Conclusão de Curso). Na quinta-feira (28) à noite, Susan reapareceu dizendo que havia sido sequestrada por três homens e posteriormente libertada.
Na primeira versão apresentada à polícia, Susan alegou ter sido sequestrada por três homens em um veículo, na avenida Almirante Barroso. Ela afirmou ter sido mantida em um cativeiro, com os punhos amarrados, por cerca de 24 horas, quando foi libertada pelos sequestradores. A jovem teria, então, pedido um celular emprestado de um homem que passava pela rua e entrado em contato com sua mãe, explicando que não sabia onde estava. Um casal de amigos, que estava próximo ao local, ajudou a jovem a voltar para casa.
Durante a confissão, ela contou que passou o tempo do falso sequestro hospedada na casa de um amigo. A jovem, no entanto, diz que esta pessoa e o casal que a levou para casa não têm participação na farsa. Tudo teria sido planejado pela estudante.
Conforme o delegado Gilvandro Furtado, que investigou o caso, a polícia desconfiou da inexistência do sequestro porque os relatos dela “não eram verossímeis”. “Ela dizia que um dos caras estava com uma meia-calça de mulher cobrindo o rosto. Isso é coisa de televisão, bandido não usa”, afirma.
Uma perícia não detectou vestígios de que Susan tivesse realmente ficado amarrada, como ela havia relatado.
Interrogada novamente ontem, a estudante confessou. “Ela disse que inventou a história porque tinha um trabalho para entregar na universidade e não havia mais como justificar se não apresentasse, já que no semestre passado ela também não entregou [o TCC]“, diz Furtado.
Foi feito então um termo circunstanciado de ocorrência (registro de infração de menor potencial ofensivo) denunciando Susan à Justiça por comunicação falsa de crime. A pena prevista para esse tipo de infração é de detenção de um a seis meses ou multa.
A Faculdade Ipiranga, onde Susan estuda, diz que a situação acadêmica dela após o fato é sigilosa. A Folha tentou contato com a estudante, mas o celular dela e o de sua mãe estão desligados desde a divulgação do fato.
Susan Paola foi indiciada por falsa comunicação de crime, mas foi liberada. De acordo com o delegado responsável pelo caso, a polícia continuará investigando a participação de outras pessoas na farsa. “Ela alega que o dono da casa e o casal não têm participação no crime. Mas, a esta altura, a palavra dela não é confiável”, declarou o delegado Gilvandro Furtado.

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