Da Folha de São Paulo e Portal Terra
Uma
estudante universitária de 22 anos, que teria sido sequestrada em Belém
(PA), confessou na manhã desta ontem que o suposto crime foi inventado
por ela. De acordo com a Polícia Civil, Susan Paola Fadel Correia forjou
o próprio sequestro por não ter finalizado o trabalho de conclusão de
curso (TCC), de sua graduação em pedagogia, em tempo hábil.
“Ela
não queria aborrecer a mãe porque, no semestre passado, havia sido
reprovada na universidade pelo mesmo motivo”, contou o delegado
Gilvandro Furtado, responsável pela investigação. Segundo ele, a
repercussão que o caso ganhou assustou a universitária.
Ela
havia desaparecido na quarta-feira passada (27), justamente o dia em
que deveria entregar o TCC (Trabalho de Conclusão de Curso). Na
quinta-feira (28) à noite, Susan reapareceu dizendo que havia sido
sequestrada por três homens e posteriormente libertada.
Na
primeira versão apresentada à polícia, Susan alegou ter sido
sequestrada por três homens em um veículo, na avenida Almirante Barroso.
Ela afirmou ter sido mantida em um cativeiro, com os punhos amarrados,
por cerca de 24 horas, quando foi libertada pelos sequestradores. A
jovem teria, então, pedido um celular emprestado de um homem que passava
pela rua e entrado em contato com sua mãe, explicando que não sabia
onde estava. Um casal de amigos, que estava próximo ao local, ajudou a
jovem a voltar para casa.
Durante a
confissão, ela contou que passou o tempo do falso sequestro hospedada na
casa de um amigo. A jovem, no entanto, diz que esta pessoa e o casal
que a levou para casa não têm participação na farsa. Tudo teria sido
planejado pela estudante.
Conforme o
delegado Gilvandro Furtado, que investigou o caso, a polícia desconfiou
da inexistência do sequestro porque os relatos dela “não eram
verossímeis”. “Ela dizia que um dos caras estava com uma meia-calça de
mulher cobrindo o rosto. Isso é coisa de televisão, bandido não usa”,
afirma.
Uma perícia não detectou vestígios de que Susan tivesse realmente ficado amarrada, como ela havia relatado.
Interrogada
novamente ontem, a estudante confessou. “Ela disse que inventou a
história porque tinha um trabalho para entregar na universidade e não
havia mais como justificar se não apresentasse, já que no semestre
passado ela também não entregou [o TCC]“, diz Furtado.
Foi
feito então um termo circunstanciado de ocorrência (registro de
infração de menor potencial ofensivo) denunciando Susan à Justiça por
comunicação falsa de crime. A pena prevista para esse tipo de infração é
de detenção de um a seis meses ou multa.
A
Faculdade Ipiranga, onde Susan estuda, diz que a situação acadêmica
dela após o fato é sigilosa. A Folha tentou contato com a estudante, mas
o celular dela e o de sua mãe estão desligados desde a divulgação do
fato.
Susan Paola foi indiciada por
falsa comunicação de crime, mas foi liberada. De acordo com o delegado
responsável pelo caso, a polícia continuará investigando a participação
de outras pessoas na farsa. “Ela alega que o dono da casa e o casal não
têm participação no crime. Mas, a esta altura, a palavra dela não é
confiável”, declarou o delegado Gilvandro Furtado.
Nenhum comentário:
Postar um comentário